Banqueiros e CEOs brasileiros que participam do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos, na Suíça, avaliam que o impacto da gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ser contido no Brasil. Dentre as razões, citam o fato de o País exportar commodities (matérias-primas) para os EUA e ter uma balança deficitária com os americanos, além de ser um país grande internamente, mas com menos importância aos holofotes do republicano.
Para o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, o impacto da administração Trump para o Brasil tende a ser neutro. “Se houver aumento de tarifas, comprometendo o preço interno, isso pode ser inflacionário. Em um ambiente inflacionário, a política monetária pode agir. Se a taxa de juros subir ou ficar onde está, o dólar se fortalece e é ruim para mercados emergentes como o Brasil”, pondera, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Noronha observa que os dados da inflação nos EUA, na semana passada, reforçaram a perspectiva de continuidade de queda das taxas americanas, o que reduz a pressão sobre as moedas emergentes. “Para o Brasil, o impacto da gestão Trump deve ser neutro”, avalia.
O presidente da Randoncorp, Daniel Randon, diz que é preciso esperar os primeiros dois, três meses da gestão do Trump para sentir se terá algum impacto “muito negativo” para o Brasil. “Eu acredito que não. Acho que a prioridade de barreiras comerciais são outros países, como a China. E aí podem até surgir umas oportunidades no médio e no longo prazos para nós”, disse.
A sócia sênior da McKinsey do Brasil e líder para América Latina, Tracy Francis, afirma que os líderes corporativos estão em compasso de espera pelas medidas de Trump, vai adotar após tomar posse. O republicano prometeu autorizar mais de 100 decretos a partir do primeiro dia na Casa Branca, um choque em termos de políticas comerciais, imigratórias, de desregulamentação e impostos.
“Está muito incerto ainda. Os líderes de negócios estão esperando para ver o que vai sair porque a fala e as ações no caso do Trump não são necessariamente a mesma coisa”, avalia Francis.
O que torna o Brasil, em tese, menos vulnerável
Um banqueiro brasileiro, na condição de anonimato, comentou que a região mais vulnerável não é o Brasil e que, pelo contrário, o País é um dos lugares menos vulneráveis por ser um exportador de commodities (matérias-primas), que não é um produto muito tarifável.
Ele lembra que o Brasil é um dos poucos países que têm déficit com os Estados Unidos. E que, caso as relações com a China, de fato, se deteriorem no governo Trump, os mais afetados serão os países da Europa porque exportam produto industrializado. Nesse cenário, se isso houver de fato uma guerra tarifária, o Brasil, mais uma vez, em tese seria um dos menos afetados.
Fonte: Estadão
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