A Justiça determinou que o banco Safra apresente, em cinco dias, todos os relatórios, atas e análises das diretorias e de seus comitês internos sobre os contratos de crédito firmados com a Americanas e seus outros nove maiores devedores.
A determinação do juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem de São Paulo, atende a um pedido de dois conselheiros do Safra, André Franco de Moraes e Ricardo Cholbi Tepedino. O banco pode recorrer da decisão.
A liminar desta quarta (15) foi concedida, segundo o juiz, pelo risco de que a “verificação de certos fatos na pendência da ação” fique muito difícil ou impossível.
Em nota, o Safra diz que “é uma instituição absolutamente ética, que adota as melhores práticas de governança do mercado. Essa ação é movida por dois conselheiros indicados por um acionista dissidente. O Banco Safra refuta todas as alegações e apresentará manifestação em juízo.”
No pedido feito à Justiça de São Paulo na terça (14), os conselheiros afirmam que o conselho de administração do Safra foi transformado pelos acionistas “em órgão meramente decorativo.”
Os conselheiros dizem ter enviado 15 cartas e manifestações ao conselho e demais órgãos do banco, pedindo documentos e informações, mas que não foram atendidos.
De 2019 a 2022, a carteira de crédito cresceu, de acordo com a ação enviada à Justiça, 55%, ao mesmo tempo em que o lucro se mantinha estagnado.
A Americanas deve ao Safra R$ 2,4 bilhões. Segundo os conselheiros, o valor equivale a 15% do patrimônio líquido do banco. Mesmo em bancos com somas elevadas a receber, como Bradesco e Santander, a exposição em relação ao patrimônio fica abaixo de 5%.
O pedido concedido pela Justiça de São Paulo nesta quarta inclui também a determinação para que o banco informe quem são os maiores devedores, incluindo valor dos créditos, datas das operações, condições de pagamento e de remuneração, garantias etc.
O pano de fundo da insatisfação dos conselheiros é um conflito na família Safra. Em ação apresentada à Justiça de Nova York, Alberto Safra, um dos filhos do banqueiro Joseph Safra, diz ter sido vítima de manipulação liderada por dois de seus irmãos para que perdesse participação nos negócios da família.
Em nota, a família afirma que Alberto Safra, um dos filhos do banqueiro Joseph Safra, “não se contentou em atentar contra o banco Safra, contratando o presidente e executivos do banco do próprio pai, agora ele processa a própria mãe e os irmãos, e alega que os membros da família que agem contra os interesses do banco. Se trata de uma ação de um membro isolado contra toda sua família.”
Fonte: Folha de S. Paulo
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