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Banco Central confirma delegado da Polícia Federal como novo presidente do Coaf

Nomeação de Ricardo Saadi no lugar de servidor de carreira enfrentava resistências no Congresso e no STF

postado Luany Araújo
Um homem sentado em uma mesa durante uma coletiva de imprensa. Ele está usando um terno escuro e uma gravata listrada em tons de laranja. Ao fundo, há um banner da Polícia Federal do Rio de Janeiro, com emblemas e logotipos visíveis. O homem parece sério e focado, olhando para a frente. O delegado federal Ricardo Saadi, quando era superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro - Ian Cheibub - 8.nov.2018/Ian Cheibub

O Banco Central confirmou que o delegado da PF (Polícia Federal) Ricardo Saadi assumirá a presidência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em 1º de julho. Ele substituirá Ricardo Liáo, que é servidor de carreira da autoridade monetária e estava no cargo desde agosto de 2019.

Saadi já foi conselheiro do Coaf. Como delegado federal, tem experiência em áreas como combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, temas afins à atuação do órgão de controle. Atualmente ele é diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção na Polícia Federal.

No comunicado que confirmou a nomeação, o BC afirma que a “larga experiência” de Saadi “contribuirá para a missão do Coaf de produzir inteligência financeira e supervisionar setores econômicos para proteção da sociedade contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa”.

A nomeação enfrentava resistências, como mostrou a Folha em março. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, dava apoio ao nome do delegado, mas havia um receio de integrantes do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) de dar influência demais à PF.

Um dos argumentos dos críticos dessa ideia é que integrantes da PF poderiam se aproveitar do controle do Coaf de forma extraoficial para investigar políticos. O problema não seria Saadi, especificamente, mas o fato de ele ser parte da corporação.

A certa altura, alguns envolvidos no processo de troca chegaram a dar com certo que o nome de Saadi havia sido descartado devido à oposição que ele enfrentava. Em março, no entanto, o delegado recebeu recados de que ainda havia chance de ser nomeado.

Apoiadores do nome de Saadi afirmam que o funcionamento do Coaf deve ser aperfeiçoado, principalmente para fazer uso de informações sobre o crime organizado, problema que tem gerado pressão sobre o governo federal. Os defensores do delegado da PF afirmam ainda que qualquer suspeita que recaia sobre políticos terá o encaminhamento previsto em lei.

O Coaf tem, entre outras funções, o papel de produzir relatórios de inteligência financeira que costumam subsidiar investigações da PF a partir da identificação de movimentações bancárias consideradas atípicas.

Atualmente, o órgão está vinculado ao Banco Central, presidido desde janeiro por Gabriel Galípolo. A nomeação é feita pelo chefe da autoridade monetária por meio de uma portaria, mas uma indicação para um cargo importante costuma levar em conta também o apoio e a resistência acumulada em outros setores.

Após o primeiro turno das eleições municipais de 2024, o diretor-geral da PF criticou o conselho. Andrei declarou à Folha que o órgão teria deixado de enviar comunicados referentes a R$ 50 milhões em transações suspeitas ligadas à compra de votos. O Coaf rebateu dizendo que havia atuado de forma integrada com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Saadi já comandou a Superintendência da PF no Rio de Janeiro, de abril de 2018 a agosto de 2019. Foi exonerado por pressão do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

À época, Bolsonaro alegou “problemas de produtividade” para substituí-lo. Ministro da Justiça naquela ocasião, Sergio Moro disse que houve uma ordem para a demissão de Saadi do posto.

 

Fonte: Folha de SP

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