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Bradesco e BNDES anunciam criação de certificadora brasileira de crédito de carbono

Em parceria com Ecogreen e Aecom, a iniciativa visa fortalecer o mercado de carbono no país, com foco em metodologias robustas e realidade local

postado Maria Clara

O Bradesco e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com o Fundo Ecogreen e com a empresa de engenharia Aecom, anunciaram nesta terça-feira, 11, a criação de uma certificadora de crédito de carbono, batizada de Ecora. A informação havia sido antecipada pelo Estadão/Broadcast.

O valor investido no projeto não foi divulgado. Segundo o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, outros dois parceiros devem entrar como sócios da empresa. Apenas depois disso, o aporte será anunciado. Também não foram divulgadas as participações de cada sócio no projeto. Noronha afirmou que o banco será minoritário.

Os fundadores da companhia são o Bradesco e a Ecogreen, que assinaram um memorando de entendimento com o BNDES para este ser minoritário.

No lançamento da empresa, Noronha afirmou que a Ecora deve começar a operar em meados de 2026 e que vê um mercado potencial, hoje, de US$ 2 bilhões, considerando US$ 25 o preço médio do crédito de carbono.

Noronha disse também acreditar que o Brasil pode ser o principal hub de soluções de crédito de carbono no mundo. “Constituímos uma certificadora de carbono com conhecimento profundo do Brasil. O País precisa de metodologia robusta que reconheça a realidade local.”

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco pretende atuar como parceiro do setor privado nesse segmento. Ele afirmou que a vocação da empresa deveria ser o Sul global.

Para Mercadante, Brasil, Indonésia e Congo (BICs) precisam trabalhar juntos em soluções de carbono, dado que são os países com as maiores florestas tropicais do mundo. “Já temos os BRICs. Agora precisamos criar o BICs. Logo vamos ter o BICs das certificadoras.”

O presidente do BNDES acrescentou que a diplomacia entre esses países será importante para eles avançarem juntos no segmento. Segundo ele, a Indonésia não havia se credenciado para vir à COP-30, mas mudou sua postura após a visita de Lula ao país em outubro.

A certificadora surge em um momento em que o mercado de crédito de carbono voluntário sofre uma crise de credibilidade justamente devido a falhas na atuação da maior certificadora do mundo, a Verra.

Para o vice-presidente da Aecom, Vicente Mello, consultas a comunidades impactadas pelos projetos e rastreabilidade de cadeias podem ajudar a resolver problemas que projetos anteriores de carbono tiveram, prejudicando a credibilidade do setor.

O estopim da crise no mercado de carbono foi a publicação, em janeiro de 2023, de uma reportagem que mostrava que parte dos créditos de carbono reconhecidos pela Verra não compensavam emissões como deveriam.

O conteúdo − publicado pelo jornal britânicoThe Guardian, pela revista alemã Die Zeit e pela organização de jornalismo investigativo sem fins lucrativos SourceMaterial − se baseava em dois estudos que mostravam que, de 29 projetos aprovados pela Verra, apenas oito apresentavam evidências de redução significativa de desmatamento.

Fonte: Estadão

www.contec.org.br

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