O uso da internet seguiu em expansão no Brasil e alcançou o recorde de 87,2% da população de dez anos ou mais em 2022. É o que apontam dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Do total de 185,4 milhões de pessoas na faixa etária analisada, 161,6 milhões haviam navegado pela internet no ano passado, segundo as estimativas do órgão.
Vem dessa relação o percentual de 87,2%, nova máxima da série histórica iniciada em 2016. O indicador subiu 2,5 pontos percentuais ante 2021, quando estava em 84,7%. No início da série, em 2016, o percentual era de 66,1%.
Os dados integram um módulo da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). O tema foi investigado no quarto trimestre de 2022.
Pelos critérios da pesquisa, uma pessoa de dez anos ou mais é considerada usuária de internet se teve conexão com a rede em pelo menos algum momento nos três meses que antecederam a entrevista. O levantamento abrange diferentes formas de acesso.
O Centro-Oeste se destaca no recorte das grandes regiões do país. Em 2022, voltou a registrar o maior percentual de pessoas de dez anos ou mais conectadas à rede: 91,6%.
Sudeste (89,5%) e Sul (88,2%) vieram em seguida. Nordeste (83,2%) e Norte (82,4%) fecharam a lista.
Conforme o IBGE, o resultado do Centro-Oeste foi puxado pelo Distrito Federal, que tem o maior percentual de usuários no país (96,6%), seguido por Goiás (91,4%), São Paulo (91%) e Rio de Janeiro (90,1%).
“Tem uma questão do perfil da população do Distrito Federal. É uma população com peso grande do setor público e com escolaridade acima da média da população brasileira”, afirma Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa do IBGE.
“Sul e Sudeste têm uma população um pouco mais envelhecida do que a do Centro-Oeste, têm um percentual maior de idosos. Isso também pode contribuir”, diz.
ALTA ENTRE MAIS VELHOS E MAIS JOVENS
Na passagem de 2021 para 2022, o uso da internet subiu nas diferentes faixas etárias pesquisadas no país, incluindo a dos mais velhos. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, o percentual de utilização da rede avançou de 57,5% para 62,1%.
Nessa camada da população, o aumento foi de 4,6 pontos percentuais, o maior do levantamento. Mesmo com a ampliação, o grupo de 60 anos ou mais ainda registra a menor taxa de uso da internet.
“Ainda que o uso da internet venha crescendo em todos os grupos etários, este foi mais acelerado nas idades mais elevadas, o que pode ter sido propiciado, entre outros fatores, pela evolução nas facilidades para o uso dessa tecnologia e na sua disseminação no cotidiano da sociedade”, diz a pesquisa do IBGE.
No outro extremo da estrutura etária, o das pessoas de 10 a 13 anos, o percentual de utilização da rede avançou de 82,2% em 2021 para 84,9% em 2022.
A Pnad investigou, pela primeira vez, a frequência de conexão dos brasileiros à rede. Entre os usuários de dez anos ou mais, 93,4% utilizavam a internet todos os dias da semana, enquanto 2,7% navegavam cinco ou seis vezes por semana.
Outros 3,2% se conectavam de uma a quatro vezes por semana. Apenas 0,7% tinham uma frequência inferior a uma vez por semana.
A pesquisa ainda aponta o que motivou o uso da internet. Entre a população de dez anos ou mais que navegou pela rede, a finalidade mais citada foi conversar por chamadas de voz ou vídeo (94,4%).
Enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens (92%), assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (88,3%), usar redes sociais (83,6%) e ouvir músicas, rádio ou podcast (82,4%) também registraram percentuais acima de 80%.
Ler jornais, notícias, livros ou revistas (72,3%), acessar os serviços de bancos ou outras instituições financeiras (60,1%) e enviar ou receber emails (59,4%) vieram na sequência da lista.
INTERNET ESTÁ PRESENTE EM 91,5% DOS DOMICÍLIOS
A Pnad ainda apontou que a internet estava presente em 91,5% dos domicílios em 2022 —ou 68,9 milhões de um total de 75,3 milhões.
Trata-se de outro recorde da série. A alta foi de 1,5 ponto percentual frente a 2021, quando 90% dos domicílios tinham acesso à rede.
De 2021 para 2022, o percentual de lares com acesso à internet cresceu de 74,7% para 78,1% na área rural e subiu de 92,3% para 93,5% na urbana.
A diferença entre as proporções de domicílios com o serviço em áreas urbanas e rurais vem caindo. Recuou de 41,6 pontos percentuais em 2016 para 15,4 pontos percentuais em 2022.
De 2021 para 2022, considerando os domicílios com internet, o percentual com acesso via banda larga móvel voltou a subir, de 79,2% para 81,2%. Porém, continuou inferior ao da banda larga fixa, que passou de 83,5% para 86,4%.
O IBGE concluiu que a renda média mensal per capita (por pessoa) nos domicílios com internet (R$ 1.760) foi quase o dobro do rendimento nos lares sem conexão com a rede (R$ 944).
Fonte: Folha de S. Paulo
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