A partir da próxima sexta-feira (dia 25), os trabalhadores com carteira assinada vão poder migrar as cobranças de empréstimo consignado — que gera desconto direto no salário — para o novo modelo, conhecido como Crédito do Trabalhador. A principal vantagem para quem optar por essa mudança é a redução do valor dos juros da dívida. Isso acontece porque o risco de calote é menor, já que, mesmo em caso de demissão, o banco poderá usar até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória como garantia de pagamento.
Por enquanto, essa migração só poderá ser feita no mesmo banco em que o empréstimo foi contratado. A transferência da dívida entre diferentes instituições financeiras será liberada a partir de 6 de junho, mesma data em que o trabalhador poderá migrar as cobranças do empréstimo pessoal — que costuma ter juros ainda mais altos — para o novo modelo de consignado.
Essa prática é conhecida como portabilidade de crédito e funciona de forma parecida à troca de operadora de telefonia: o consumidor muda para uma instituição que oferece condições melhores para reduzir os custos da dívida. No entanto, muita gente tem dúvidas sobre seu funcionamento e acaba confundindo com outros tipos de renegociações.
A educadora financeira Aline Soaper alerta que é comum o cliente pedir uma portabilidade, mas acabar contratando um refinanciamento.
— Mesmo pedindo portabilidade, a maioria das instituições financeiras fazem o refinanciamento da dívida, mas isso não é dito para o cliente.
Ao fazer um refinanciamento, o valor da dívida pode ficar maior, mesmo que o custo das parcelas diminua. Funciona assim: uma pessoa ainda deve R$ 4 mil de um empréstimo e paga oito parcelas de R$ 500. Ao refinanciar a dívida, o banco reduz a prestação para R$ 300, mas estende o pagamento para 20 meses. O que parece um alívio no bolso, na prática, sobe o valor final da dívida para R$ 6 mil.
— O consumidor pode conferir se tem mudança na quantidade de parcelas a serem pagas, se o valor total aumentou ou se tem cobrança Operações Financeiras (IOF). Se tiver uma dessas, está sendo oferecido é um refinanciamento — explica Aline.
Alta de portabilidade
No ano passado, os brasileiros realizaram 14,2 milhões de solicitações de portabilidade, representando um aumento de 52,9% em relação aos 9,32 milhões registrados em 2023, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com base nos dados da Nuclea (antiga Câmara Interbancária de Pagamentos).
Das solicitações em 2024, cerca de 5,3 milhões foram efetivadas, ou seja, a dívida foi transferida para outro banco. Outras 5,7 milhões resultaram em renegociações com as instituições originais.
Fonte: Extra
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