Há mais mulheres em conselhos administrativos de empresas dos Estados Unidos do que nunca, mas o número de executivas em cargos de liderança caiu pela primeira vez em décadas, de acordo com dados que mostram progresso dos esforços para diversificar a liderança corporativa no país.
O percentual de diretoras em conselhos de empresas do índice Russell 3000 continua a aumentar, chegando a 30% este ano, em comparação com 29,4% no final de 2023 e 28,5% em 2022, de acordo com a consultoria ISS Corporate.
No entanto, em cargos executivos, as mulheres perderam vagas no ano passado, a primeira vez desde 2005, de acordo com análise do índice da S&P. Em cargos de gerência sênior, que ficam abaixo do nível executivo, o crescimento da representação feminina diminuiu em 2023 para taxa mais baixa em mais de uma década, disse a S&P.
“Esses números ainda são muito baixos e estão longe da equidade”, disse Jennifer McCollum, diretora da Catalyst, ONG que defende a presença das mulheres no mercado de trabalho.
No primeiro trimestre de 2024, dos 21 novos presidentes-executivos de empresas listadas no S&P 500, índice das 500 maiores empresas nas Bolsas americanas, apenas duas eram mulheres: Heidi Petz, da Sherwin-Williams, e Lisa Barton, da Alliant Energy.
O quarto trimestre do ano passado foi o primeiro em dois anos em que nenhuma nova CEO começou em empresas do índice, de acordo com dados da consultoria Russell Reynolds. Atualmente, apenas 42 CEOs das empresas listadas no S&P 500 são mulheres.
Já no índice Dow Jones Industrial, das 30 empresas listadas, não há CEOs mulheres em nenhuma delas. Em 2023, Rosalind Brewer, da Walgreens, renunciou ao cargo da rede de farmácias e foi substituída por Tim Wentworth. A Walgreens foi retirada do Dow no início deste ano.
McCollum disse que um “viés inconsciente persiste” contra as mulheres nos negócios.
“As mulheres e homens com os mesmos talentos e habilidades ainda são frequentemente descritos de maneiras muito diferentes, criando barreiras invisíveis que podem ter um impacto enorme no avanço das mulheres”, disse ela.
Carolyn Childers, CEO da Chief, rede de executivas mulheres, disse que, há apenas cinco anos, “houve um aumento das empresas em reconhecer os benefícios de ter uma equipe de liderança mais diversificada”.
Mas ela afirma que uma tendência que tem prejudicado o avanço das mulheres nos últimos anos foi a exigência das empresas que seus funcionários voltem ao escritório após trabalharem remotamente durante a pandemia de Covid-19.
Isso prejudica desproporcionalmente as mulheres, que “ainda são em grande parte responsáveis por cuidar dos filhos”, observou.
Ao mesmo tempo, as empresas ainda estão buscando diversidade de gênero ao conduzir novas buscas por membros de conselhos, disse Chuck Gray, CEO e parte do conselho de práticas da Egon Zehnder. Segundo ele, as empresas também estão ansiosas por membros de conselhos com experiência como CEO corporativo.
“Como os cargos de CEO não são muito diversos, isso terá um impacto natural nos números de [diversidade nos conselhos] ao longo do tempo”, disse ele. “Esperamos ver alguns números de diversidade diminuírem por causa disso.”
Em 2022, um tribunal da Califórnia derrubou uma lei estadual de 2018, que exigia um certo número de mulheres nos conselhos de empresas sediadas no estado.
Inicialmente, houve pouco impacto na diversidade de gênero nos conselhos das empresas da Califórnia após o fim da lei, disse Amit Batish, diretor sênior da Equilar, um provedor de dados de remuneração.
Mas, no primeiro trimestre de 2024, o percentual de mulheres nos conselhos corporativos da Califórnia caiu para 34%, a primeira queda desde 2020, de acordo com ele.
“Embora o percentual geral de mulheres nos conselhos tenha aumentado constantemente nos últimos anos, o ritmo de crescimento diminuiu nos últimos três anos, em grande parte devido à queda de diretores recém-nomeados que são mulheres”, disse Batish.
Até o final de 2021, quase metade de todos os novos membros de conselhos administrativos nomeados para empresas do índice Russell 3000 eram mulheres, disse ele.
“Até o final de 2023, o número caiu para 39%.”
Fonte: Folha de S. Paulo
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