Um homem branco, de meia idade, vestindo terno e gravata em um escritório clássico. A imagem tradicional do diretor de banco vem ganhando novas representações com os programas de diversidade e inclusão implementados nas instituições financeiras. Pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) realizada no segundo semestre de 2023 mostrou que as mulheres ocupavam 42,1% do total das posições de liderança geral nos bancos e as pessoas negras, 24%.
Quatro organizações do setor que se destacaram na categoria Bancos e Serviços Financeiros do Diversidade nas Empresas, desenvolvido pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas) em parceria com a Folha, exemplificam essa realidade. São elas Banco do Brasil, Banese (Banco do Estado de Sergipe), Banpará (Banco do Estado do Pará) e Cielo.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores utilizaram dados de companhias de capital aberto declarados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O levantamento avalia de forma separada companhias de 100 a 4.999 funcionários, como o Banpará e o Banese, e a partir de 5.000, tal qual o Banco do Brasil e a Cielo. No total, um universo de 418 companhias foi levado em consideração. A diversidade foi mensurada em cargos de média liderança, diretoria e conselhos de administração e fiscal.
No Banco do Brasil, mulheres representam 50% do conselho de administração e pretos, partos e indígenas são 25%, segundo o levantamento.
Com metas bem definidas, a instituição tem acelerado a inclusão. O objetivo é alcançar 30% de pessoas negras, indígenas, quilombolas e de demais grupos étnicos minoritários em posições de liderança até 2025. A instituição também quer atingir paridade racial e de gênero nesses postos até 2030.
A diversidade é um pilar fundamental para o Banco do Brasil. Acreditamos que um ambiente de trabalho inclusivo, onde os funcionários são valorizados e respeitados, é essencial para fortalecer nossa responsabilidade social para além das atividades comerciais
Outro destaque do setor é a Cielo, que tem quase 40% de participação feminina na média liderança e 60% no conselho fiscal, segundo o estudo FGV/Folha. Mulheres são 44% da diretoria.
“Esse quadro é raro no universo corporativo e ainda mais em empresas do ramo financeiro. E temos outras três mulheres em cargos estratégicos que se reportam diretamente ao CEO da empresa”, diz Angélica Peres, superintendente de gente, gestão e performance da companhia de pagamentos eletrônicos.
A Cielo também estipulou metas para liderança. Em 2025, o objetivo será alcançar 42% de mulheres e 22% de pessoas negras.
A Cielo acredita que a criação e o fortalecimento de ambientes diversificados sustentam a inovação e o crescimento dos negócios. A variedade de pontos de vista e experiências resulta em decisões mais abrangentes, capazes de impulsionar a organização e nossos milhares de clientes
Com 50% de participação feminina e o mesmo percentual de pretos, pardos e indígenas no conselho fiscal, segundo o levantamento, o Banese tem intensificado suas ações em prol da diversidade e inclusão.
Equidade salarial em cargos e funções, aumento da representatividade feminina em posições de liderança e ações no combate a preconceitos são algumas práticas adotadas pela instituição.
Tanto a necessidade quanto a resistência à adoção de políticas de promoção da diversidade mostram o tamanho dos desafios que temos pela frente
“Programas de benefícios também são oferecidos a mulheres, como ampliação da licença-maternidade e flexibilização de jornada de trabalho para aquelas que têm filhos com deficiência que precisam de acompanhamento em seu tratamento”, diz Sara Raquel Araújo, superintendente de gestão de pessoas do Banese.
No Banpará, metade da diretoria e do conselho de administração são compostos por autodeclarados pretos, pardos e indígenas. O grupo racial também responde por 66,7% do conselho fiscal.
A realidade sociopolítica de nossa região reflete naturalmente uma riqueza de perfis em nossa equipe, e estamos comprometidos em fortalecer essa diversidade por meio de iniciativas estruturadas
“Como o ingresso no Banpará se dá, conforme regramento constitucional, por meio de concurso público, permitindo assim igualdade de oportunidades, seu corpo funcional reflete a diversidade da sociedade que serve”, diz Ruth Pimentel Mello, diretora-presidente do banco.
SAIBA MAIS SOBRE OS DESTAQUES NA CATEGORIA BANCOS E SERVIÇOS FINANCEIROS
As notas de participação feminina e de pretos, pardos e indígenas, que vão de 0 a 100, foram calculadas levando em consideração a presença dos grupos em cargos de alta e média liderança. Os autores do estudo deram pesos diferentes para cada uma das categorias analisadas: enquanto diretoria e conselho de administração têm peso maior, uma vez que os membros têm maior poder decisório, a média liderança e o conselho fiscal têm peso menor.
- Empresas de 100 a 4.999 funcionários
BANESE
Fundação 1961
Funcionários 938
Participação de pretos, pardos e indígenas 28,40
Participação feminina 18,13
Também levou nas categorias Nordeste
BANPARÁ
Fundação 1959
Funcionários 2.600
Participação de pretos, pardos e indígenas 55,26
Participação feminina 24,64
Também levou nas categorias Norte e Participação Geral de Pretos, Pardos e Indígenas
- Empresas com 5.000 funcionários ou mais
BANCO DO BRASIL
Fundação 1808
Funcionários 87.101
Participação de pretos, pardos e indígenas 15,63
Participação feminina 32,42
Também levou nas categorias Conselho de Administração, Participação Geral de Pretos, Pardos e Indígenas e Sudeste
CIELO
Fundação 1995
Funcionários 6.579
Participação de pretos, pardos e indígenas 2,19
Participação feminina 40,26
Também levou nas categorias Participação Geral Feminina e Sudeste
Fonte: Folha de S.Paulo
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