Um novo contrato social é a principal demanda do Labour 20 (L20) neste ano. O grupo de engajamento que congrega as organizações de trabalhadores e trabalhadoras dos países do G20 encerrou nesta quarta-feira (24) sua Cúpula, com a conclusão do documento de recomendações aos ministros do Trabalho e Emprego. Mas o que é este contrato social e por que a demanda trabalhista para renová-lo? Estas são questões que tanto Antonio Lisboa, coordenador do L20 este ano, quanto Luc Triangle, secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), abordaram.
“A gente pode dizer que o atual contrato social é um processo de concentração de riqueza entre algumas minorias extremamente ricas enquanto as grandes maiorias das populações, especialmente as populações do sul do mundo, estão passando por dificuldades com trabalho informal, muitas vezes sem acesso aos serviços básicos de saúde, de educação, a um trabalho digno. Essa é a situação que nós vivemos hoje. Então, um novo contrato social significa fazer ao contrário disso, ou seja, um contrato social em que as pessoas tenham direito a condições dignas de vida, inclusive em condições de preservar o planeta”, colocou Lisboa, que é secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
“Se o mundo optar por um novo contrato social, criaremos um futuro pacífico para todos. O mundo passará economicamente por uma transição dupla, estamos fazendo transição para uma economia verde e para um futuro amigo do clima, o que anda de mãos dadas também com novas medidas na digitalização da inteligência artificial. Hoje, essas são realidades em todo o mundo e o que precisamos é, portanto, garantir uma transição justa, o que significa que apoiamos obviamente estas transições, mas que elas precisam garantir que as pessoas que são afetadas por estas transições não sejam deixadas para trás”, declarou Triangle, ao complementar o secretário da CUT.
Dentre os principais avanços na declaração do Labour 20 neste ano, estão a inclusão das temáticas de transição do modelo energético, pela ótica da garantia de direitos trabalhistas em consonância ao cuidado com o meio ambiente, e de reforma da governança global, em acordo com a prioridade geral do G20 Brasil, no sentido que esta reforma também fortaleceria as pautas sindicais. Questões salariais, de promoção da equidade de gênero e de combate à pobreza e às desigualdades também entraram no texto.
Uma vez que o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que conduz as atividades do G20, e o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que lidera o Grupo de Trabalho (GT) em Emprego, têm formação de base sindical, a expectativa é que as recomendações do grupo de engajamento sejam bem recebidas a partir de amanhã (25), quando inicia a reunião ministerial do GT também em Fortaleza, capital do Ceará. A reunião de ministros abrirá em sua programação um momento para abarcar em seus debates as reivindicações sindicais, que serão apresentadas por Lisboa e outros dirigentes internacionais.
Além da CUT, na coordenação dos L20, as demais centrais sindicais nacionais também integram o grupo de engajamento. São elas a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), a NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), a Força Sindical e a UGT (União Geral dos Trabalhadores).
Fonte: G20
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