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Por que é preciso abraçar novas tecnologias ao envelhecer

O engajamento com tecnologia, longe de contribuir para a “degeneração cerebral”, pode oferecer benefícios cognitivos a adultos mais velhos

postado Maria Clara

Você pode achar que passar tempo no smartphone ou no computador faz mal para o cérebro. De fato, “brain rot” — o termo usado como gíria para indicar um declínio mental causado pelo consumo irrefletido de redes sociais ou de lixo digital — foi eleito a “Palavra do Ano” de 2024 pelo Oxford Dictionary.

Mas novas pesquisas sugerem que adultos mais velhos que passam tempo interagindo com tecnologia podem ter um benefício cognitivo.

“Vimos que adultos mais velhos que usam tecnologias de modo geral parecem ter menos diagnósticos de demência, comprometimento cognitivo leve e melhores resultados em medidas cognitivas”, informa Jared Benge, professor associado da Dell Medical School da Universidade do Texas em Austin e autor do artigo — uma meta-análise de 57 estudos — publicado na revista Nature Human Behaviour.

Nos estudos, maior uso de tecnologias digitais do dia a dia, como computadores, smartphones e internet, foi associado a uma redução de 58% no risco de comprometimento cognitivo em pessoas acima de 50 anos.

 

Tecnologia digital e o cérebro

A relação entre cognição e uso de tecnologia provavelmente é bidirecional, afirmaram os pesquisadores: pessoas com cognição saudável tendem a usar mais tecnologia, e pessoas que usam mais tecnologia podem ter melhor cognição no futuro.

Tecnologia é cara, e seu uso pode refletir status socioeconômico, escolaridade ou riqueza — fatores associados a menor risco de demência.

Mas mesmo quando os pesquisadores analisaram estudos que controlavam essas variáveis, incluindo questões de saúde, a associação positiva entre uso de tecnologia e cognição permaneceu.

“O surpreendente é o quanto nossos resultados foram consistentes”, afirma Michael Scullin, professor de psicologia e neurociência na Universidade Baylor e autor da análise. Nenhum estudo encontrou efeitos prejudiciais da tecnologia para a cognição.

Como os estudos eram observacionais, não é possível provar causalidade. Mas estudos longitudinais que acompanharam participantes por cerca de seis anos mostraram que maior uso de tecnologia está associado a melhor saúde cognitiva no futuro.

Embora esses estudos indiquem uma ligação positiva consistente entre uso de tecnologia e saúde cognitiva em adultos mais velhos, isso também traz certos riscos — exposição a golpes financeiros, desinformação e a tentação de mexer no celular ao dirigir, afirmaram os pesquisadores. “Não existe uma resposta simples sobre se esses dispositivos são sempre bons ou sempre ruins”, resume Scullin.

O uso excessivo de tecnologia também pode ter outros custos: esse tempo poderia ser usado para atividades como exercícios ou interações sociais presenciais.

Um estudo de 2023 com mais de 18 mil adultos mais velhos descobriu que, embora usuários regulares da internet tivessem aproximadamente metade do risco de demência em comparação com quem não usa, aqueles com uso muito intenso talvez apresentassem risco maior.

“Demais de qualquer coisa não é bom”, avisa Virginia Chang, professora associada da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova York e autora do estudo de 2023.

 

Tecnologia digital e o cérebro

 

A relação entre cognição e uso de tecnologia provavelmente é bidirecional, afirmaram os pesquisadores: pessoas com cognição saudável tendem a usar mais tecnologia, e pessoas que usam mais tecnologia podem ter melhor cognição no futuro.

Tecnologia é cara, e seu uso pode refletir status socioeconômico, escolaridade ou riqueza — fatores associados a menor risco de demência.

Mas mesmo quando os pesquisadores analisaram estudos que controlavam essas variáveis, incluindo questões de saúde, a associação positiva entre uso de tecnologia e cognição permaneceu.

“O surpreendente é o quanto nossos resultados foram consistentes”, afirma Michael Scullin, professor de psicologia e neurociência na Universidade Baylor e autor da análise. Nenhum estudo encontrou efeitos prejudiciais da tecnologia para a cognição.

Como os estudos eram observacionais, não é possível provar causalidade. Mas estudos longitudinais que acompanharam participantes por cerca de seis anos mostraram que maior uso de tecnologia está associado a melhor saúde cognitiva no futuro.

Embora esses estudos indiquem uma ligação positiva consistente entre uso de tecnologia e saúde cognitiva em adultos mais velhos, isso também traz certos riscos — exposição a golpes financeiros, desinformação e a tentação de mexer no celular ao dirigir, afirmaram os pesquisadores. “Não existe uma resposta simples sobre se esses dispositivos são sempre bons ou sempre ruins”, resume Scullin.

O uso excessivo de tecnologia também pode ter outros custos: esse tempo poderia ser usado para atividades como exercícios ou interações sociais presenciais.

Um estudo de 2023 com mais de 18 mil adultos mais velhos descobriu que, embora usuários regulares da internet tivessem aproximadamente metade do risco de demência em comparação com quem não usa, aqueles com uso muito intenso talvez apresentassem risco maior.

“Demais de qualquer coisa não é bom”, avisa Virginia Chang, professora associada da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova York e autora do estudo de 2023.

O uso de computadores, smartphones e internet apresentou associações positivas muito mais consistentes — o que levanta a pergunta sobre se o modo como usamos redes sociais realmente estimula cognitivamente ou promove conexão social, embora sejam necessários mais dados de longo prazo, destaca Scullin.

Ao envelhecer, podemos enfrentar dificuldades em habilidades cognitivas como memória, tomada de decisão e navegação.

Tecnologias digitais podem ajudar compensando essas limitações, oferecendo uma “estrutura de apoio” para tarefas diárias. Por exemplo, podemos usar dispositivos digitais para definir lembretes de consultas médicas. E, para navegação, “GPS é realmente revolucionário”, afirma Scullin.

Ter ajuda tecnológica pode prolongar a vida independente mesmo quando a capacidade cognitiva está prejudicada, pontua ele.

As incógnitas digitais

Embora haja evidências consistentes de que usar tecnologia digital está associado a benefícios cognitivos para os pioneiros digitais — a primeira geração exposta a computadores, smartphones e internet já na vida adulta — ainda é cedo para saber como crescer ou nascer em um mundo de telas molda o desenvolvimento cerebral e a saúde cognitiva de gerações mais jovens.

“A quantidade de exposição, o tipo de exposição, o momento dessa exposição” provavelmente fará diferença, explica Virginia. Mas “se há algo em que o cérebro é bom, é em se adaptar ao ambiente”, nota Benge. “Tenho pouquíssima dúvida de que veremos mudanças em como o cérebro opera, mas isso faz parte de ser humano.”

Boas práticas para usar tecnologias digitais

 

Para adultos mais velhos que evitam tecnologias digitais por acharem intimidadoras, há maneiras mais simples de entrar nesse universo.

Mesmo pessoas com comprometimento cognitivo leve conseguem aprender a usar esses dispositivos com instrutores pacientes, o que melhora a vida dos idosos e de seus cuidadores, observaram Scullin e Benge em suas pesquisas.

Muitas vezes, parentes bem-intencionados não são os melhores professores porque a relação pode vir carregada de histórico, dinâmicas familiares e frustrações, informa Scullin. É melhor ter “alguém neutro, treinado para ser realmente paciente com pessoas nessa fase da vida, que não pressuponha conhecimento prévio e que não tenha nenhum histórico com essa pessoa”, afirma.

Em grandes cidades, há organizações com profissionais capacitados para ensinar a usar essas tecnologias a partir do básico, diz ele.

Revise seu tempo de tela a cada poucos meses, aconselha Scullin. Muitos celulares mostram essas métricas, e há aplicativos que monitoram o uso no computador.

Esses dados ajudam a avaliar se você está empregando seu tempo da forma que deseja e podem servir como um sinal para redirecionar alguns minutos para outra atividade — como ir mais cedo à academia ou sair ao ar livre, exemplifica ele.

Com as telas, “provavelmente existe um pouco mais de tempo desperdiçado do que gostaríamos”, afirma.

“Essas são ferramentas. Não são uma realidade pré-definida”, define Benge. “Use as ferramentas que são boas para você e evite as que não trazem benefício.”

Você pode tentar um experimento pessoal semelhante ao de testar alergias alimentares: elimine algo por uma ou duas semanas e observe como se sente, orienta Benge. “Se você se autoavaliar de forma sistemática, pode identificar padrões interessantes — tanto no uso quanto nas coisas que funcionam bem para você.”

“Se ajuda você a realizar tarefas, a navegar pela vida, se traz conexão social, se estimula cognitivamente, se você gosta de ler jornal online ou jogar online, acho que tudo isso é positivo”, defende Virginia. “E eu diria apenas: tudo com moderação.”

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

Fonte: Estadão

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