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A menos de uma semana da COP 30, a UGT afirma: Mariana não pode se repetir

postado Maria Clara

Faltam poucos dias para o início da COP 30, Conferência Global sobre mudanças Climáticas. Enquanto líderes mundiais se preparam para debater o futuro do planeta, o Brasil carrega nas costas uma ferida aberta: o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que completa neste dia 05 de novembro dez anos. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) não se cala diante da impunidade e cobra justiça, reparação integral e mudanças estruturais no modelo de mineração brasileira.

 

O maior crime ambiental da história do país despejou 44,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos, matou 19 pessoas, contaminou a bacia do Rio Doce e afetou diretamente 49 municípios e mais de 600 mil pessoas. Uma década depois, os impactos continuam: água contaminada, ecossistemas destruídos, rejeitos acumulados, comunidades desassistidas e milhares de vidas marcadas pela negligência corporativa.

 

A mineradora BHP, que responde a um processo na Justiça da Inglaterra com pedido de mais de R$ 250 bilhões em indenizações, reconheceu em suas alegações finais que os danos socioambientais persistem. Há registros de metais tóxicos como arsênio, chumbo e níquel no Rio Doce, mortandade de peixes, erosão das margens e interrupções na captação de água em cidades como Aimorés. A própria empresa admite o aumento de transtornos mentais na população atingida.

 

É inadmissível falar de mudanças climáticas sem encarar os erros que nos trouxeram até aqui. Não é possível projetar soluções para o futuro ignorando os crimes do passado. Mariana não é uma lembrança distante — é uma ferida aberta, viva, que sangra há dez anos.

 

Quantas famílias perderam tudo? Quantos animais foram soterrados pela lama tóxica? Quantas vidas foram ceifadas pela ganância da Samarco, pela negligência da Vale e pela omissão do Estado? O rompimento da barragem de Fundão não foi acidente — foi consequência direta de um modelo de mineração predatório que coloca o lucro acima da vida.

 

A UGT exige que Mariana não seja esquecida. Que não passe despercebido um dos maiores crimes ambientais da história recente em um evento de caráter mundial como a COP 30. Falar de justiça climática sem falar de Mariana é silenciar os atingidos, é normalizar a impunidade, é repetir os erros que levaram à destruição de comunidades inteiras.

 

A entidade cobra responsabilização, reparação integral e mudanças profundas na política de mineração brasileira. Mariana é símbolo da luta por justiça ambiental e social. Que a COP 30 seja um marco de compromisso real — e não apenas de discursos vazios. Porque não há futuro possível sem memória, sem verdade e sem justiça.

Fonte: UGT

www.contec.org.br

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