O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão, foi reeleito nesta quarta-feira (1º) para mais dois anos na presidência da Câmara.
Ele recebeu 464 de um total de 508 votos, o que o torna o recordista desde a redemocratização do país.
Até então, esse posto era ocupado por Ibsen Pinheiro (MDB-RS), em 1991, e João Paulo Cunha (PT-SP), em 2003, ambos eleitos com 434 votos em primeiro turno.
Os adversários de Lira na disputa pertencem a partidos pequenos e nunca tiveram perspectiva real de vitória. Chico Alencar (PSOL-RJ) teve 21 votos e Marcel van Hattem (Novo-RS), 19.
Lira obteve um amplo arco de apoio, do PL de Jair Bolsonaro ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva, que não lançou candidatura concorrente por receio de derrota, já que a esquerda controla apenas cerca de um quarto das cadeiras da Casa.
O presidente da Câmara disse que recebeu telefone de Lula parabenizando-o pela vitória. Em uma rede social, o petista falou sobre a ligação. “Telefonei agora para parabenizar Arthur Lira e Rodrigo Pacheco pela reeleição para as presidências da Câmara e do Senado. Desejo uma boa gestão. Nosso país precisa de instituições fortes e democráticas.”
Em discurso antes da votação, Lira lembrou projetos que foram votados em seu primeiro mandato, como a lei do Estado democrático de Direito, que revogou a Lei de Segurança Nacional que vigorava desde a ditadura militar.
“Jamais concordarei passivamente com a invalidação de atos por recurso de uma minoria em tribunais superiores. Se eleito, quero estabelecer com o Poder Executivo não uma relação de subordinação, mas de pacto para aprimorar e avançar nas políticas públicas a partir da escuta cuidadosa de opinião das nossas comissões”, afirmou.
Disse que defende firmemente o direito de liberdade de expressão, “desde que isso não represente ameaça ao único regime que nos concede esse direito, que é nossa democracia”. “Destaco meu compromisso que é continuar a ser um facilitador dos debates, e decisões dessa casa de absoluta liberdade e autonomia de cada parlamentar.”
Após a eleição, Lira subiu o tom no discurso e defendeu a aplicação do rigor da lei contra golpistas que depredaram prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal) em 8 de janeiro. Ele também pregou contenção de Poderes e disse ser “hora de desinflamar”.
Chico Alencar fez um discurso criticando os dois rivais por não terem mencionado os atos golpistas de 8 de janeiro em suas falas. Nesse momento, deputados aliados do ex-presidente Bolsonaro, como Zé Trovão (PL-PR), entoaram cantos de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. Foram respondidos por apoiadores do presidente que gritaram “Sem anistia”.
Já Marcel van Hattem criticou a construção do arco de aliança de Lira. “Não posso concordar com chapa que foi criada, sim, com acordo de partidos, que dará ao PT a presidência da CCJ [Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara] no primeiro ano. Onde isso é um bom acordo?”
Ele também lamentou o que viu como cerceamento à liberdade de expressão de deputados. “Essa é uma casa plural, de todos, mas não vemos nesse momento ela de fato ser plural, porque muitos parlamentares têm seu direito de manifestação cerceados em desacordo com o que diz nossa Constituição”, disse.
O atual líder do centrão chegou ao comando da Câmara pela primeira vez em 2021, apoiado pelo então presidente Bolsonaro. Na ocasião, ele derrotou Baleia Rossi (MDB-SP) por 302 votos contra 145. Rossi era apoiado pelo então presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ).
Fonte: Folha de S. Paulo
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