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Cidades brasileiras têm queda no IDH na pandemia com recuos na expectativa de vida e frequência escolar, aponta ONU

postado Assessoria

Após registrar avanços até 2019, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil teve uma regressão de seis anos em 2021, causado pela pandemia de Covid- 19. Calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e divulgado nesta terça-feira, o IDHM foi de 0,766, patamar próximo ao de 2015, quando foi registrado um índice de 0,765.

O IDHM é um número que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano de um município. O levantamento lançado hoje tem como título “25 anos: Desenvolvimento Humano no Brasil”.

Os efeitos da pandemia abalaram os avanços obtidos anteriormente. No período de 2012 a 2019, a expectativa de vida ao nascer no Brasil oscilou positivamente de 74,48 para 76,47 anos. A frequência escolar, que corresponde à percentagem de pessoas de 6 a 14 anos de idade que frequentam a escola, aumentou de 98,13% para 99,27%. E a renda per capita dos brasileiros aumentou de R$ 759,11 para R$ 814,30.

Os mesmos dados, tanto para o ano de 2020 quanto para o ano de 2021, refletem o impacto da pandemia. Desta forma, em 2021, a esperança de vida dos brasileiros regrediu para 74,16 anos; a frequência escolar recuou para 98,84%; e a renda domiciliar per capita caiu para R$ 723,84.

Esse retrocesso nos IDHM pode ser visualizado, de forma mais significativa, em um conjunto de estados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul. Em 2021, houve recuo do Amapá, de Roraima e do Pará – na região Norte; Bahia, Paraíba e Piauí – na região Nordeste; Rio de Janeiro – na região Sudeste; e Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – na região Sul.

No período anterior à pandemia, de 2012 a 2019, os grandes ganhadores de performance do IDHM foram os estados do Nordeste – com ganhos que chegaram a 7,6% em Pernambuco, 7,1% no Maranhão e 7% no Piauí. Por outro lado, a crise sistêmica da pandemia da covid-19, no período de 2020-2021, impactou mais fortemente os estados de Roraima, com um recuo de 6,7%, Amapá com (-6,6% ) e Rio de Janeiro (-5,8%).

Na avaliação dos autores do estudo, o impacto da pandemia sobre a longevidade é pontual e será revertido a partir de 2022 — considerando o mapa de vacinação nacional e a ação assertiva do Sistema Único de Saúde (SUS) nos estados. “Contudo, reforçar medidas emergenciais e promover a avaliação dos protocolos de segurança, assim como das decisões de políticas públicas tomadas no período, possibilitarão aos entes federativos uma curva de aprendizagem sem igual”, destaca um trecho do documento.

Para os técnicos, a crise sistêmica da Covid-19 nos anos de 2020 e 2021 requer, no caso brasileiro, uma leitura mais cuidadosa. Isto porque ora atinge dimensões do desenvolvimento de forma abrupta e transitória, como no caso da longevidade, ora porque acentua crises estruturais em curso, como no caso da renda.

Longevidade e renda registraram valores anteriores ao do início da série, em 2012, enquanto a dimensão educação regrediu ao nível de 2019. Os autores do estudo destacam que a situação seria pior, se não fossem os programas Auxílio Emergencial e Auxílio Brasil, entre 2020-2021. Essas medidas teriam sido, inclusive, decisivas para a recomposição de renda das famílias mais pobres nos estados de IDHM mais baixos.

“É inegável que a pandemia gerou fortes consequências por todo o mundo, mas pode-se observar que os impactos foram mais severos nos países e nas regiões com desafios estruturais e padrões de desenvolvimento díspares”.

No balanço final, entre 2012 e 2021, apesar de alguns estados do Nordeste terem perdido posição pela régua que mede o grau de desenvolvimento humano, foi justamente essa a região que apresentou uma inversão menos significativa. Isto porque, ao mesmo tempo em que os estados da região apresentaram variações com maiores ganhos entre 2012 e 2019, foram também os que sofreram perdas menos significativas entre 2019-2021.

Nesse jogo de ganhos (entre 2012-2019) e perdas (entre 2020-2021), os estados que do Nordeste que ficaram melhor posicionados foram Alagoas, com uma evolução de 5,1%; Ceará e Rio Grande do Norte, com 4,7%; Piauí e Pernambuco, com 4,5% e Maranhão, com 4,3%. Tomando como base o cenário completo, no período de 2012 a 2021, foi registrado o aumento do IDHM em 18 estados, queda em sete quedas e em dois não houve alteração.

Fonte: O Globo

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