Nesta terça-feira (17/06), foi realizada a Sessão Conjunta da Trilha de Finanças do BRICS, promovida pela presidência brasileira do bloco, sob coordenação do Subsecretário de Finanças Internacionais e Cooperação Econômica do Ministério da Fazenda, Antônio Freitas. O evento ocorreu em formato virtual, reunindo representantes dos Ministérios das Finanças e Bancos Centrais dos países-membros e lideranças nacionais dos Conselhos e Fóruns do segmento people-to-people, com o objetivo de fortalecer o diálogo entre governos e sociedade civil no contexto da governança financeira internacional.
O coordenador do 14º Fórum Sindical dos BRICS, Lourenço Ferreira do Prado, representou os trabalhadores na reunião e apresentou as recomendações alinhadas às seis prioridades da presidência brasileira do BRICS no eixo financeiro, e reforçou a importância de garantir justiça social, trabalho decente e proteção aos direitos laborais no contexto das decisões econômicas do bloco.
Durante sua intervenção, foram apresentadas as seguintes recomendações:
A primeira delas destacou a importância de facilitar o comércio e os investimentos entre os países do BRICS por meio de sistemas de pagamento eficientes e interoperáveis, desde que acompanhados de políticas que garantam proteção social, direitos trabalhistas e trabalho decente.
Também foi defendida a urgente reforma das instituições de Bretton Woods e da Organização Mundial do Comércio, com o objetivo de torná-las mais inclusivas e eficazes. O fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e do Acordo Contingente de Reservas foi apontado como essencial para apoiar o desenvolvimento sustentável e digno.
Outro ponto relevante foi a necessidade de mecanismos financeiros voltados à transição energética justa, que combine sustentabilidade, soberania nacional e valorização do trabalho. A COP30, que será realizada em Belém, foi citada como momento decisivo para avançar nessa agenda. A justiça fiscal também apareceu como prioridade, com propostas de cooperação em parcerias público-privadas, tributação e alfândega — incluindo a taxação de pessoas com patrimônio ultraelevado —, visando combater desigualdades e gerar recursos para políticas sociais.
As recomendações abordaram ainda a necessidade de governança ética na aplicação de inteligência artificial, com reforço às políticas de cibersegurança e qualificação profissional, de modo a proteger os trabalhadores diante das transformações tecnológicas. Por fim, propôs a institucionalização do Fórum Sindical como mecanismo permanente de diálogo social, garantindo que a voz dos trabalhadores esteja presente nas decisões econômicas e financeiras do bloco.
Entre as ênfases adicionais, Lourenço Prado destacou que a cooperação financeira entre os países do BRICS deve promover trabalho decente com atenção para mulheres, jovens, pessoas com deficiência, trabalhadores informais e de plataformas. A regulação do trabalho deve evitar a precarização e assegurar os direitos fundamentais. A participação efetiva das mulheres nos espaços de decisão e o acesso igualitário ao trabalho digno também foram pontos enfatizados. Encerrando a fala, reafirmou-se que não há justiça social possível em tempos de guerra — um mundo multipolar e democrático exige paz e solidariedade.
As contribuições de Lourenço Ferreira do Prado foram recebidas com respeito e destaque pela organização da reunião. O Subsecretário de Finanças Internacionais do Ministério da Fazenda, Antônio Freitas, agradeceu pessoalmente a intervenção e ressaltou a importância da participação do movimento sindical no debate econômico do bloco. Ele destacou que a trajetória do presidente Lula, oriundo do movimento sindical, torna ainda mais simbólica e essencial a presença da voz dos trabalhadores nas discussões da Trilha de Finanças.
“Para nós, é fundamental ter o movimento sindical presente. O presidente Lula veio do ambiente dos trabalhadores, e esse vínculo reforça nosso compromisso com um BRICS mais inclusivo e socialmente comprometido”, afirmou Freitas durante a sessão.
Além do Fórum Sindical, participaram da sessão as seguintes lideranças nacionais de Conselhos e Fóruns do segmento people-to-people do BRICS:
• Conselho de Juventude do BRICS
• Conselho Empresarial do BRICS (CEBRICS)
• Conselho de Think Tanks do BRICS
• Conselho Civil do BRICS
• Fórum Parlamentar do BRICS
• Aliança de Mulheres Empreendedoras do BRICS
• Associação de Municípios do BRICS
• Encontro de Instituições Superiores de Controle do BRICS (TCU)
• Encontro de Pequenas e Médias Empresas do BRICS
• Comissão de Assuntos Econômicos do CDESS
A sessão contou ainda com representantes dos Ministérios das Finanças e dos Bancos Centrais dos países-membros do BRICS, incluindo China, Egito, Índia, Indonésia, Rússia, África do Sul e Emirados Árabes Unidos.
A iniciativa integrou os esforços da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e do Banco Central do Brasil, que instituíram canais formais de escuta com organizações da sociedade civil como parte da agenda da presidência brasileira do BRICS em 2025.
“É essencial que as decisões econômicas dos países do BRICS considerem os impactos sociais e ouçam a voz dos trabalhadores. Justiça social não se constrói sem participação.”
Lourenço Ferreira do Prado, Presidente da CONTEC, Secretário de Relações Internacionais da UGT e coordenador do Fórum Sindical dos BRICS.
Por Jéssica Alencar