Dois passos para a frente e um para trás: ao anunciar uma pausa nas chamadas tarifas “recíprocas”, Donald Trump parece, agora, concentrar suas atenções na China.
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Seguem abaixo os diversos anúncios de impostos aduaneiros feitos pelo presidente americano:
China, principal alvo
Pequim é o principal alvo das tarifas americanas, que começaram em 10%, depois subiram para 20%, sob a justificativa de o governo chinês não combater duramente o tráfico de substâncias usadas na produção de fentanil.
Para reduzir o déficit comercial com a China, Trump aumentou a taxa em 34% na semana passada. Pequim respondeu com uma tarifa de 34% sobre todos os produtos americanos.
Diante da represália, o presidente americano acrescentou mais 50%, para um acumulado de 104% desde a última quarta-feira.
A China respondeu com uma nova taxa, de 84%, e Trump anunciou horas depois que o imposto sobre os produtos chineses passaria a 125%. Então, como essa tarifa se soma aos 20% já vigentes antes das tarifas recíprocas, a carga tributária total norte-americana sobre importações da China agora chega a 145%.
Restante do mundo
Todos os produtos que entram nos Estados Unidos estão sujeitos a uma sobretaxa de 10% desde a semana passada. Tarifas adicionais a dezenas de países estavam previstas para hoje, mas Trump decidiu adiar por três meses a sua aplicação.
O imposto mínimo de 10%, no entanto, ainda representa um aumento significativo para a maioria dos produtos: as importações europeias eram taxadas anteriormente em menos de 3%, em média.
De todas as importações que entram nos Estados Unidos, mais de 87% dos produtos foram taxados em menos de 10% em 2023, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).
México e Canadá
Embora tenham ficado de fora das tarifas da semana passada, Canadá e México foram os primeiros alvos das tarifas aduaneiras de Trump, que acusou os dois países e a China de combaterem de forma insuficiente o tráfico de fentanil.
O presidente americano impôs uma taxa de 25% sobre todos os bens de seus vizinhos, e de 10% sobre os produtos energéticos do Canadá, que já começou a retaliar.
Trump deu um passo atrás e levantou temporariamente as tarifas sobre os produtos que entram nos Estados Unidos sob o T-MEC, que representam quase metade do comércio entre os três países, segundo a Casa Branca.
Setores
O presidente americano quer proteger a indústria nacional e promover mais investimentos no país. Por esse motivo, impôs no mês passado tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio, uma medida que afeta principalmente o Canadá, mas também o Japão, a Austrália e a UE.
Nessa categoria, entra o imposto de 25% sobre as importações de automóveis, para incentivar as empresas a retomar a fabricação nos Estados Unidos.
Outros setores aguardam a sua vez. Trump reiterou sua vontade de impor novos impostos sobre a madeira para construção, os produtos farmacêuticos e os semicondutores.