A venda da Amil pela americana United Health Group (UHG) pode ser concluída até o primeiro trimestre de 2024, anos após rumores e tentativas frustradas de passar pelo menos parte do negócio adiante. Agora, a norte-americana, que levou em 2012 a companhia fundada pela família Bueno nos anos de 1970 por R$ 6,5 bilhões, quer vender todo o negócio, sem fatiamento, por mais de R$ 10 bilhões.
A Coluna apurou que as propostas não vinculantes estão circulando em torno deste montante e que os interessados superam mais de seis nomes. O prazo para a entrega das propostas nesta primeira fase terminou na sexta-feira, 27. Esta semana se inicia a escolha dos interessados que poderão fazer as análise nos números (due dilligence) e potencialmente chegar ao final do processo. O BTG Pactual foi contratado pela UHG para vender o ativo brasileiro, que tem pequena representatividade nas operações globais do grupo.
Entre os interessados, está a família Bueno, donos da Dasa e acionistas minoritários da UHG nos Estados Unidos. Fontes citam também o empresário José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp, e ainda investidores financeiros, como as gestoras americanas Bain Capital e a Advent, ambas com experiência no mercado de saúde do Brasil.
Empresário Nelson Tanure estaria entre os interessados
O empresário Nelson Tanure teria igualmente entregado proposta, de acordo com fontes. No ano passado, Tanure adquiriu o controle da Alliar, grupo de medicina diagnóstica, única operação que a Amil não tem dentro. Outro interessado é a gestora Coruja, do empresário Marcio Schetiini, com passagens no alto escalão do Itaú, conhecedor do segmento e com amplo acesso a potenciais investidores, por isso a visão é que conseguiria levantar os bilhões necessários.
Fontes que acompanham a transação dizem que o grande valor da Amil está em sua rede de clientes e no fato de ser uma operação ampla, com plano de saúde, incluindo oftalmológico e dentário, e rede hospitalar e de oncologia. “Amil pode competir com grandes players de saúde, como Rede D´Or e Hapvida, mas está mal administrada”, disse uma fonte.
No ano passado, a Amil fechou com prejuízo de mais de R$ 2 bilhões, como consequência de uma carteira de planos individuais moldada em um modelo que não mais se paga. Entretanto, a Amil é completamente desalavancada. “A empresa tem uma estrutura de custos errada e estrategicamente não definiu qual posição quer assumir no mercado de saúde”, acrescentou outra fonte.
Procura-se executivo com experiência no setor
Por isso, as apostas são de que executivos com experiência no setor e em transformação devem ser associados às propostas. O empresário Irlau Machado Filho é citado em conversas com fundos, segundo interlocutores. Machado comandou a NotreDame Intermédica, investida da Bain, onde implementou um plano de reestruturação bem-sucedido. Sua saída no final do ano passado, após a fusão com a Hapvida, provocou queda das ações no mercado. Ainda no setor, Machado comandou a Medial e também tem experiência financeira, com passagens no Citi e Santander.
“Ele fez um trabalho impecável [na NotreDame] e poderia ser um exemplo de reestruturação para um fundo de ‘private equity’ grande, já que o cheque deve ser de um valor alto”, disse a fonte.
As especulações de venda da Amil pela UHG são antigas e questões envolvendo planos de saúde individuais, negócio deficitário na operadora, complicaram a operação. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) barrou a venda no final de 2021, mesmo com a UHG disposta a pagar para o comprador ficar com a carteira.
Rede conta com 31 hospitais e 28 clínicas
O interesse agora é a venda dos planos de saúde e a rede de 31 hospitais e 28 clinicas, em um bloco só. “Os americanos estão mais animados com as chances de sucesso dessa vez”, disse uma fonte envolvida nas negociações.
Em maio deste ano, a UHG anunciou Aline Schellhas, que ocupou o cargo de diretora financeira da UHG Brasil e da Amil por três anos, para ser a presidente da companhia e promover mudanças. Entre elas, um novo modelo para planos individuais.
Em conversa com o Broadcast na ocasião, a executiva chegou a comentar que o lançamento do novo plano reforçava a intenção da UHG de permanecer com a operação.
Procurada, a UHG afirmou que não comenta rumores de mercado.
Fonte: Estadão
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