Em 31 de março, foi celebrado o dia Internacional da Visibilidade Trans, uma data que reforça a importância da inclusão e da equidade. Segundo o Dossiê ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) deste ano, que traz dados referentes a 2024, apenas 0,38% dos postos de trabalho formais no Brasil são ocupados por pessoas trans.
A falta de acesso a oportunidades empurra muitos para a informalidade, ampliando sua vulnerabilidade. De acordo com uma pesquisa da AlmapBBDO em parceria com o Instituto On The Go, aponta que 80% das pessoas trans enfrentam discriminação já nos processos seletivos, dificultando ainda mais a inserção no mercado formal.
Ainda, uma pesquisa da Infojobs revela que, 87% da população LGBTQIA+ identifica preconceitos velados como obstáculos ao crescimento profissional, e 93% acreditam que políticas inclusivas são essenciais para mudar esse cenário. Além disso, o Brasil continua liderando o ranking mundial de violência contra pessoas trans e travestis. Em 2024, o Dossiê da ANTRA informa que, foram registrados 122 assassinatos, mantendo o país nessa posição pelo 16º ano consecutivo.
Contratar não basta. Embora as iniciativas existentes já representem passos importantes, é essencial que todas as instituições se perguntem: como podemos ser mais inclusivos e fazer a diferença no acesso de pessoas trans ao mercado de trabalho? Criar um ambiente onde esses profissionais possam crescer e ocupar posições estratégicas é essencial para promover equidade.
Empresas que desejam ir além do discurso precisam reformular suas práticas internas e a cultura organizacional. Isso inclui treinamentos sobre identidade de gênero para equipes e lideranças, respeito ao nome social e uso adequado de pronomes. Algumas companhias brasileiras já avançam nessa direção, implementando programas de trainee exclusivos, parcerias com ONGs e redes de apoio internas, o que demonstra que é possível adotar práticas eficazes para a inclusão de pessoas trans.
O Dia Internacional da Visibilidade Trans deve ser mais que uma data de reflexão. Para companhias que buscam se destacar, incluir de forma verdadeira não é só uma questão de justiça social, mas uma estratégia importante para um mercado de trabalho mais justo e competitivo.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço “Políticas e Justiça” da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Thalita Rocha foi “Areia”, de Sandy e Lucas Lima
Fonte: Folha de SP
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