A cobertura de seguradoras será crucial para mais da metade dos US$ 19 trilhões de investimentos já comprometidos para financiar a meta de zerar as emissões líquidas de gases poluentes, colocando “pressões estruturais sem precedentes” sobre o setor, de acordo com um novo relatório.
A corretora de seguros Howden e o BCG (Boston Consulting Group) concluíram que pelo menos US$ 10 trilhões de novas coberturas serão necessários para os setores de energia, transporte rodoviário e construção entre 2023 e 2030, incluindo grandes projetos de infraestrutura como parques eólicos offshore, fazendas solares, bem como a isolamento de estoques habitacionais existentes.
Rowan Douglas, diretor executivo da equipe climática da Howden, disse que o relatório foi concebido como um “alerta” sobre o papel vital da cobertura de seguro na transição energética e os desafios que isso apresenta. As pressões sobre o mercado seriam difundidas e sentidas por todos os lados, acrescentou.
“Estamos passando por essa transição energética globalmente, em ritmo e escala, tudo ao mesmo tempo.”
Executivos e formuladores de políticas têm se concentrado cada vez mais no papel facilitador do seguro na construção da infraestrutura e tecnologia necessárias para a transição energética. Eles também têm questionado se há capacidade suficiente na indústria para tomar esses riscos complexos e abrangentes.
As seguradoras já fornecem coberturas adicionais em diversas áreas, desde veículos movidos a hidrogênio e elétricos até energia eólica offshore e materiais de construção híbridos, e planejam expandir para novas tecnologias.
Mas também há pressão sobre as seguradoras para serem cautelosas sobre a quantidade de novos riscos que assumem em áreas onde há falta de dados históricos sobre perdas.
“As novas tecnologias energéticas estão indo além em termos de inovação, e isso traz incertezas. Por isso há cautela ao tomar riscos”, disse Rowan. “Se houver uma escassez de capacidade, é provável que a capacidade flua para áreas mais compreendidas e mais lucrativas.”
As seguradoras também estão trabalhando em estreita colaboração com grupos de energia verde para reduzir os riscos de novas tecnologias e projetos, como ajustar as posições dos painéis solares quando houver previsão de mau tempo, após episódios recentes de danos graves causados por granizo.
Os autores do relatório também disseram que não esperam uma grande queda na quantidade de seguros fornecidos em projetos de combustíveis fósseis—liberando capacidade para assegurar projetos verdes— até o final da década.
“Embora se possa esperar um equilíbrio de novos investimentos versus investimentos tradicionais, isso não acontecerá no curto prazo”, disse Raphael Troitzsch, diretor administrativo da BCG.
A necessidade de fornecer mais cobertura contra desastres naturais aumentará a pressão sobre o setor, disse o relatório.
Fonte: Folha de S.Paulo
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