O fenômeno meteorológico El Niño, associado a um aumento das temperaturas mundiais, vai durar até abril de 2024, alerta a ONU.
De acordo com o boletim da OMM (Organização Meteorológica Mundial) publicado na terça-feira (7), há 90% de probabilidade de que esse fenômeno cíclico do Pacífico persista até abril de 2024. Também é muito provável que, “no auge, chegue a valores correspondentes a um episódio intenso”.
Em setembro, “a temperatura da superfície do mar na zona centro-leste do Pacífico equatorial apresentou magnitudes moderadas”, relatou a organização, observando que as temperaturas sob a superfície do leste do Pacífico equatorial foram “muito superiores à média”.
Segundo a organização, nos últimos quatro meses, foram registrados aumentos constantes da temperatura da superfície do mar, e são esperados “novos aumentos [embora mais fracos] dessas temperaturas nos próximos meses, em razão da intensidade e da natureza das retroações atmosférico-oceânicas”.
Conforme os especialistas, “partindo dos padrões observados em episódios anteriores e das atuais previsões de longo prazo, prevê-se que o episódio perca força, gradualmente, durante a próxima primavera no hemisfério norte”. Além disso, a probabilidade de um efeito de esfriamento de um episódio de La Niña é quase inexistente.
“O ano que vem pode ser ainda mais quente. As crescentes concentrações de gases de efeito de estufa fruto da atividade humana que capturam o calor na atmosfera contribuem de forma clara e inequívoca para esse aumento das temperaturas”, declarou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, citado no comunicado.
“Os fenômenos extremos, como as ondas de calor, as secas, os incêndios florestais, as chuvas intensas e as inundações vão-se intensificar em algumas regiões, e isso terá consequências importantes”, acrescentou.
OUTUBRO RECORDE
Nesta quarta-feira (8), cientistas da Europa anunciaram que é “praticamente certo” que 2023 será o ano mais quente em 125 mil anos e que o mês passado foi o outubro mais quente já registrado no planeta.
A maior marca mundial para o mês, de 2019, foi quebrada com folga, disse o Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus, observatório climático europeu.
“O recorde foi quebrado por 0,4°C, o que é uma margem enorme”, disse Samantha Burgess, diretora adjunta do serviço. Em 2023, a média para o período foi de 15,38°C na superfície do planeta.
Esse calor exarcebado é resultado das contínuas emissões de gases de efeito estufa provenientes da atividade humana, combinadas com a ocorrência do El Niño.
Até agora, 2023 registrou outros quatro meses consecutivos como os mais quentes para o período já computados —e julho ficou marcado também como o mês mais quente já registrado na história. O recorde anterior era de 2016, outro ano de El Niño.
Fonte: Folha de S. Paulo
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