Na manhã desta terça-feira (25/11), a Comissão de Organização dos Empregados (COE) Itaú/CONTEC realizou, por videoconferência, reunião ampliada para tratar da renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Unificado e dos impactos do fechamento de agências em todo o país. A atividade foi coordenada por Eduardo Israel, coordenador da COE Itaú/CONTEC, e contou com a participação de presidentes de federações, presidentes de sindicatos e dirigentes sindicais de diversas regiões.
Logo na abertura, o coordenador saudou os participantes e explicou que o principal objetivo do encontro foi atualizar informações sobre a situação no Itaú e ouvir as bases para subsidiar a próxima rodada de negociação com o banco. Eduardo lembrou que o chamado “acordão” – ACT Unificado do Itaú – vence em 31 de dezembro de 2025 e reúne temas centrais para o dia a dia dos bancários, como:
Teletrabalho;
Banco de Horas Semestral;
Sistema Alternativo de Controle de Jornada (ponto eletrônico);
Bolsa Auxílio Educação;
Programa de Acolhimento.
O coordenador recordou que, na última renovação, o movimento sindical conseguiu impedir a inclusão da PCR dentro desse “pacotão”, apesar da insistência do banco em amarrar mais direitos em um único instrumento. Agora, a COE inicia o processo de discussão para renovar o ACT, mas com preocupação redobrada diante do cenário recente de demissões em massa, intensificação do teletrabalho, vigilância digital e monitoramento de trabalhadores.
Em razão da vigilância digital e monitoramento remoto, cláusulas de proteção aos funcionários que atuam em home office foram debatidas. O objetivo é garantir o direito à privacidade e a dignidade da pessoa humana na relação de emprego para as pessoas que atuam em teletrabalho, conforme legislação vigente.
Eduardo informou que já existem decisões judiciais e acordos coletivos que tratam com maior profundidade sobre monitoramento no teletrabalho, e pediu que sindicatos enviem para a coordenação propostas de redação para aprimorar a cláusula, de forma a garantir maior proteção à saúde, à privacidade e às condições de trabalho dos empregados que atuam remotamente.
Fechamento de agências e realocação de trabalhadores
Outro ponto de destaque foi o fechamento de agências. Segundo dados apresentados pelo Itaú à comissão, apenas em 2025:
241 agências já tiveram suas atividades encerradas;
9 unidades ainda serão fechadas este ano;
e, no mesmo processo, há mais 46 agências com encerramento previsto para 2026.
No total, o banco projeta o fechamento de 296 agências dentro do ciclo em curso.
Ainda conforme os números repassados pelo banco, entre 2.247 trabalhadores foram impactados por esse processo de reestruturação, sendo 79% realocados, 3% que teriam pedido demissão e 18% demitidos. Dirigentes presentes contestaram esses percentuais, avaliando que na prática esses desligamentos podem ser maiores.
Foram relatados casos concretos, como o fechamento de agência em Carpina (PE) e a concentração de funcionários em outra unidade já saturada, gerando superlotação, piora no atendimento, sobrecarga de trabalho, dificuldades de deslocamento e aumento de custos para bancários, sem o devido custeio por parte do banco. Houve alerta também para a perda de clientes e o risco de esvaziamento de unidades no interior.
A COE entende que o banco não está exercendo sua função social, deixando de prestar um serviço essencial à sociedade, prejudicando funcionários, clientes e a população com atendimento precarizado, principalmente para idosos e aposentados.
Adoecimento, Burnout e necessidade de registrar a CAT
A reunião também abordou o adoecimento generalizado da categoria, com muitos relatos de bancários exaustos, com problemas físicos e emocionais, em especial quadros de Síndrome de Burnout. Eduardo enfatizou que a Síndrome de Burnout, conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é reconhecida como doença ocupacional e orientou que os sindicatos emitam Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) sempre que houver indício de nexo com o trabalho.
O coordenador lembrou que, muitas vezes, o banco não emite a CAT, e que esse registro é fundamental para futuras perícias e ações judiciais, inclusive contra o INSS, reforçando a necessidade de que os sindicatos acompanhem de perto os casos, tanto no setor de agências quanto nas áreas administrativas e no teletrabalho.
Participação na COE e o apoio do MPT e da via judicial
Outro debate importante tratou da limitação do número de participantes nas reuniões com o banco. Vários presidentes de sindicatos defenderam que todos os sindicatos que tenham em suas bases unidades Itaú, possam participar das reuniões da COE, destacando que são eles que lidam diretamente com a base, escutam as demandas nas agências e depois precisam defender os acordos em assembleias.
Os dirigentes consideraram inaceitável que o banco tente restringir a participação, e defenderam que cabe ao movimento sindical definir quem representa a categoria na mesa de negociação, e não às instituições financeiras.
Ao longo do debate, foi reforçada ainda a orientação para que, quando a negociação não avançar, os sindicatos recorram com mais frequência ao Ministério Público do Trabalho e à via judicial, respeitados os dispositivos da Convenção e Acordos Coletivos de Trabalho.
Encaminhamentos
Ao final, o coordenador Eduardo agradeceu a participação de todos e destacou que as contribuições das bases serão utilizadas na próxima reunião com o Itaú. Entre os encaminhamentos, foram destacados:
Levar ao banco a reivindicação de ampliação do número de participantes da COE, com ênfase na participação dos presidentes de todos os sindicatos com base Itaú;
Iniciar imediatamente as tratativas para renovação do ACT Unificado, com prioridade para a atualização da cláusula de teletrabalho e das regras de monitoramento e vigilância digital;
Cobrar esclarecimentos e medidas sobre os fechamentos de agências, realocação de funcionários, distâncias superiores a 100 km e custeio de deslocamento;
Rever a política e os critérios ligadas do Programa de Oportunidade de Carreira (POC), especialmente quanto às promoções que exigem mudança de cidade sem apoio financeiro do banco;
Reforçar a orientação para emissão de CAT e registro documental das tentativas de negociação com o banco, para uso junto ao MPT e ao Judiciário.
A COE Itaú/CONTEC seguirá acompanhando a situação e informará, pelos canais oficiais da CONTEC, as datas das próximas reuniões com o banco e os desdobramentos das negociações sobre o ACT Unificado e o processo de fechamento de agências.
Coordenação COE Itaú/CONTEC
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