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EUA anunciam plano para conter crise gerada por falência do SVB

postado Assessoria

Autoridades americanas anunciaram neste domingo (12) que todos os clientes do Silicon Valley Bank (SVB), que entrou em colapso na última sexta-feira (10), poderão sacar seus depósitos integralmente.

Correntistas do Signature, banco de Nova York cuja falência foi anunciada dois dias após o SVB, também terão seus depósitos garantidos.

Simultaneamente, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anunciou a criação de um programa emergencial para financiar instituições financeiras, de modo a garantir que elas possam “atender as necessidades de todos os seus clientes”.

O presidente americano, Joe Biden, elogiou o plano em um comunicado. “Eu estou firmemente comprometido com a responsabilização dos culpados por essa bagunça e com a continuidade dos nossos esforços para fortalecer o monitoramento e a regulação de bancos maiores para que nós não nos encontremos nessa posição novamente”, disse.

Biden afirmou ainda que vai comentar na manhã desta segunda as medidas anunciadas.

O objetivo do plano é conter o impacto da falência do SVB —a segunda maior de um banco desde a crise de 2008— sobre o sistema financeiro.

O caso disparou o alerta de que outras instituições financeiras podem sofrer destino semelhante, conforme os juros em alta pressionam o setor bancário. Para combater a inflação, o Fed vem aumentando a taxa, o que afeta negativamente o valor de títulos detidos por instituições financeiras.

Um dos maiores temores de autoridades e economistas é que a desconfiança de correntistas quanto a saúde financeira de seus bancos, especialmente os regionais (de menor porte, caso do SVB, focado em startups, e do Signature), leve a uma disparada de saques fatal para as instituições.

Nesse cenário, haveria uma crise generalizada do sistema financeiro, com o colapso de diversos bancos —horizonte catastrófico que os EUA se apressaram para combater antes da reabertura dos mercados, nesta segunda (13).

Por isso, além da garantia aos depósitos, foi anunciado pelo Fed um instrumento de socorro a bancos em apuros.

O programa, bancado por US$ 25 bilhões que o Tesouro previa originalmente usar para estabilização cambial, mas hoje apropriado com frequência pelo Fed em tempos de crise, oferecerá empréstimos de um ano a bancos, cooperativas de crédito e outras instituições elegíveis, em troca de títulos do Tesouro americano e títulos lastrados em hipotecas, entre outros.

Esses ativos serão precificados pelo seu valor original, o que pode funcionar como uma rota de fuga para instituições financeiras que viram o valor dos títulos detidos por elas, comprados quando os juros eram baixos, despencar conforme o Fed subiu as taxas. Caso elas tenham que resgatar esses investimentos agora, incorrerão em perdas.

Em um comunicado conjunto assinado por Fed, Departamento do Tesouro e FDIC (a seguradora federal de depósitos dos EUA), as autoridades ressaltaram que nenhum prejuízo associado ao caso será bancado pelo contribuinte —após a crise de 2008, o socorro do governo aos bancos com dinheiro público foi fortemente criticado.

“O sistema bancário americano segue resiliente e sobre fundação sólida, em grande medida em razão das reformas que foram feitas após a crise financeira, que garantiram salvaguardas melhores para o setor financeiro”, afirmam as instituições no texto.

“Essas reformas combinadas com as ações anunciadas hoje [domingo] demonstram nosso compromisso com os passos necessários para garantir que as economias de clientes continuem seguras”, completam.

A garantia de cobertura integral dos depósitos nas instituições falidas foi anunciada após a FDIC assumir o SVB na sexta, o que colocou cerca de US$ 175 bilhões sob controle da agência reguladora.

Correntistas com depósitos no valor de até US$ 250 mil são cobertos pela seguradora, mas o SVB tem um grande número de contas que ultrapassa esse limite —e não havia garantia de que esse público receberia integralmente seu dinheiro após a falência.

Essa perspectiva tumultuou o setor bancário ao longo do fim de semana, levando o governo a tentar vender o banco a um comprador privado ou criar alguma outra solução.

Com US$ 209 bilhões em ativos, o SVB era o 16º maior banco dos EUA, o que torna pequena a lista de possíveis compradores capazes de fechar negócio em poucos dias.

Quando os bancos IndyMac e Washington Mutual colapsaram em 2008, a FDIC encontrou compradores para os ativos e manteve os depósitos dos clientes intactos.

As medidas anunciadas foram possíveis por meio de uma exceção que prevê que a FDIC pode incorrer em prejuízos caso exista uma ameaça ao sistema financeiro. Em geral, a diretriz do órgão é resolver uma falência bancária do modo mais barato o possível.

As agências afirmaram que quaisquer perdas para a seguradora ao ressarcir clientes sem cobertura serão recuperadas por uma análise especial dos bancos, “como exigido por lei”.

O SVB entrou em colapso depois que clientes receosos começaram a retirar seus depósitos. A falência disparou um alerta no mercado, levando à maior cautela, o que resultou em perdas de mais de US$ 100 bilhões em valor por bancos dos Estados Unidos na última semana.

Mais cedo no domingo, antes do anúncio do plano, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, descartou um resgate de grandes proporções. “Durante a crise financeira [de 2008], houve investidores e bancos grandes que foram resgatados, e as reformas que foram feitas significam que não vamos fazer isso de novo”, disse, à CBS.

“Mas estamos preocupados com os correntistas e focados em tentar atender às suas necessidades”, disse, sem dar mais detalhes sobre a ajuda.

Fonte: Folha de São Paulo

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