Banco deve vender ações e reduzir participação na XP
SÃO PAULO
O Itaú registrou lucro de R$ 7,361 bilhões no primeiro trimestre de 2022, o que equivale a um crescimento de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 2,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior, de acordo com balanço divulgado nesta segunda-feira (9).
O resultado se deve em grande medida à expansão de 13,9% da carteira de crédito em bases anuais, para R$ 1,032 trilhão. Em relação ao último trimestre do ano passado, houve aumento de 0,5%.
Segundo o banco, a carteira de pessoas físicas atingiu um volume de R$ 347,4 bilhões, alta de 32,9% em bases anuais e de 4,4% ante o quarto trimestre do ano passado. Esse desempenho está relacionado aos volumes de linhas associadas a crédito garantido, como imobiliário (44,5%), e também de outras linhas, como cartão de crédito (41,4%), na comparação com o mesmo período de 2021.
Já o índice de inadimplência acima de 90 dias foi de 2,6% ao final do primeiro trimestre do ano, contra 2,3% no comparativo anual e 2,5% em dezembro.
Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos acima de 90 dias alcançou 4,1% em março, contra 3,9% em março de 2021 e 3,8% no final do ano passado.
Presidente do banco, Milton Maluhy Filho afirmou que, em um cenário de alta dos juros e da inflação, a tendência é que os índices de inadimplência sigam com altas moderadas durante os próximos trimestres —percepção semelhante foi transmitida na semana passada pelo presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior.
As provisões do Itaú para créditos de liquidação duvidosa atingiram R$ 6,385 bilhões no primeiro trimestre do ano, alta de 70,3% ano contra ano e de 6,3% na margem.
O ROE (Retorno Recorrente Gerencial sobre o Patrimônio Líquido Médio anualizado), indicador que mede a rentabilidade da operação, alcançou 20,4% em março, ante 18,5% em igual período de 2021 e 20,2% no trimestre anterior.
“A transformação digital e cultural do Itaú Unibanco segue em ritmo acelerado, sem que deixemos de entregar resultados consistentes. Além de todos os esforços internos para apoiar a jornada de evolução do nosso negócio, intensificamos os investimentos em aquisições e parcerias, que nos permitirão fazer essa transformação na velocidade que nossos clientes demandam e o mundo atual exige”, disse Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, em nota.
ITAÚ DEVE VENDER AÇÕES E REDUZIR PARTICIPAÇÃO NA XP
A compra da fatia de 11,36% da XP realizada pelo Itaú Unibanco no final de abril terá um efeito de dedução de capital do banco da ordem de 0,8%, segundo estimativa passada pela instituição financeira.
Presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho lembrou durante coletiva sobre os resultados do banco nesta segunda que qualquer aquisição de participação superior a 10% de instituições financeiras ou assemelhadas deve ser deduzida da base de capital do banco por questões regulatórias.
Pelos cálculos do banco, o investimento na XP, acertado ainda em 2017, terá um impacto de dedução de capital da ordem de 0,8%, afirmou o executivo.
No entanto, se vender uma fatia de 1,37% da participação adquirida, levando-a para um percentual abaixo de 10%, o banco já deixa de ter de fazer a dedução de capital, e ainda recupera boa parte do valor alocado na operação, acrescentou Maluhy Filho.
O presidente do Itaú disse que o banco vai “escolher o melhor momento” para fazer a venda do percentual das ações da XP para levar a participação na corretora para nível inferior a 10%, mas que as negociações das ações não necessariamente irão ocorrer ainda neste ano.
Maluhy Filho afirmou ainda que a venda não representa um lote relevante de ações da XP e não deve ter um “grande impacto” para os preços das ações da empresa.
Os papéis da XP operam em baixa de 2,1% nesta manhã na Bolsa americana Nasdaq, com uma queda acumulada próxima de 30% no ano.
Já as ações do banco opera em baixa de 1,6%, com ganhos de 12% no ano.
RESULTADOS EM LINHA COM AS ESTIMATIVAS
Segundo os analistas da Ativa, o resultado do Itaú veio “majoritariamente em linha com nossas estimativas”, com destaques positivos para o crescimento da receita com serviço e com seguros e para os ganhos de eficiência operacional no trimestre.
“Por outro lado, houve expansão do custo de crédito e da inadimplência”, apontam os analistas.
O time da Guide aponta que a deterioração do cenário macro teve forte impacto em números cruciais para a saúde financeira do banco, como índices de cobertura e inadimplência. “Apesar disso, o Itaú entregou mais um resultado sólido, com algumas perdas já esperadas pelo mercado”, dizem os analistas da Guide.
Na mesma linha, Renan Manda, analista-chefe do setor financeiro da XP, classificou o resultado do Itaú como “ligeiramente positivo, em virtude do forte crescimento da carteira de crédito e da margem financeira.”
Fonte: Folha de S. Paulo