O pagamento do novo Bolsa Família, programa que foi marca das gestões do PT e volta reformulado em substituição ao Auxílio Brasil, teve início nesta segunda-feira (20) com filas em agências da Caixa Econômica Federal nas zonas leste e sul da capital paulista, e comemoração de famílias que vão receber valor maior.
A nova versão do programa social inclui adicional de R$ 150 por filho de até seis anos que estiver na escola, entre outras novidades. Em março, serão pagos R$ 14,1 bilhões para 21,2 milhões de famílias. Ao todo, 8,9 milhões de crianças terão o adicional e 1,479 milhão de famílias que não se enquadram nas regras serão desligadas.
A diarista Thalita Mendes da Paixão, 28, chegou às 6h30 na agência da avenida Ragheb Chofi, em São Mateus, zona leste. Com a filha Thayla, quatro, ao lado, ela disse estar ansiosa e esperançosa com os R$ 150 que receberá a partir de agora, somando R$ 750 por mês.
A fila na agência onde Thalita costuma receber o benefício tinha cerca de 70 pessoas às 8h. Em outra agência, na avenida Sapopemba, mesma região, havia cerca de cem pessoas antes das 10h.
A diarista conta que chegou cedo porque precisa levar o filho mais velho, Pedro Henrique, nove, na escola e pretendia ser atendida o quanto antes. Ela disse que, ao chegar no local, havia outras quatro pessoas na sua frente. Ansiosa pelo valor extra, comemorou: “Ajuda bastante, vou conseguir comprar uma caixa de leite, uma bolacha, uma fruta”.
Além dos R$ 150 que receberá pela filha Thayla, Thalita aguarda os R$ 50 a serem pagos partir de junho para quem tem filhos de sete a 18 anos. Grávidas também receberão o mesmo valor adicional. Ao todo, passará a ganhar R$ 800. Os R$ 200 extras por mês representam três vezes mais o que recebe por faxina.
Aos 28, sem ajuda dos pais das duas crianças e sem ter concluído o ensino médio, bicos de faxineira são o que a fazem conseguir dinheiro para sustentar os filhos. Thalita conta que só teve a carteira assinada uma única vez na vida, por um período de três meses, em 2013, e as faxinas ocasionais são sua única forma de alimentar os filhos.
“Mesmo com o preço da carne alto, não faltou para eles. Eu trabalhava, ganhava R$ 60, R$ 70 e comprava carne. Eu posso passar fome, eles, não”, diz.
Agora, diz esperar por dias melhores. “A gente espera uma mudança, que esse presidente mude as coisas, que os mercados abaixem os preços. A gente precisa sobreviver.”
A gente espera uma mudança, que esse presidente mude as coisas, que os mercados abaixem os preços. A gente precisa sobreviver.
O valor maior também era comemorado pelo casal Marcelo Henrique do Nascimento Santos e Juliana Aparecida do Nascimento Santos, que receberá R$ 750. Eles têm uma filha de quatro anos e estão desempregados há cinco meses.
“É maravilhoso. O dinheiro vai para pagar o material escolar e o que a gente paga com transporte dela”, disse Marcelo. Desde que ficou desempregado, o auxiliar de limpeza e garçom só consegue trabalho temporário. “Vivo de bicos. Sem esse dinheiro do Bolsa Família, seria mais difícil para a gente”, disse.
O casal era um dos que estavam na fila em uma agência na zona sul, no bairro Cidade Dutra. Na mesma espera, estava a vendedora Camila Gomes, 38, que foi ao local com o objetivo de receber os R$ 900 do Bolsa Família a que terá direito a partir de agora para pagar contas.
Camila tem cinco filhos, de quatro, cinco, dez, 15 e 18 anos. “Não via a hora. Só de perua que leva meus filhos para a escola eu gasto R$ 400. Vai faltar um pouco, mas já me ajuda muito”, disse.
“Esse adicional não poderia vir em melhor hora. Estou cheia de dívidas e esse dinheiro vai para pagar as contas”, afirmou. “Quis vir hoje já para usar esse dinheiro. É um alívio”, afirmou.
Quando passar a receber mais R$ 150 por causa dos filhos maiores, tem direcionamento certo para o dinheiro: “Vou usar para ajudar no estudo deles. O mais velho está no profissionalizante e vai ajudar muito”.
Na fila de outra agência na zona sul, no Capão Redondo, a enfermeira Silvani Rodrigues Costa, 36, comemorou ao saber que ganhará um adicional em breve. Ela não sabia do benefício extra para os maiores. “Tenho duas filhas de 8 e 12 anos. Esse adicional será bem-vindo. Vai me ajudar a pagar as contas e também nos gastos com as crianças.”
Em nota, a Caixa afirmou que “são valores essenciais do banco o atendimento com zelo, presteza e prontidão aos clientes e usuários”. O banco disse que as agências funcionam a partir das 10h na capital, mas funcionários fazem “recepção qualificada” antes do horário, especialmente em dias de pagamento de benefícios assistenciais, para atender idosos e pessoas com deficiência.
A Caixa também deu orientações aos clientes para que fujam da fila. Segundo a estatal, é possível consultar se tem direito ao Bolsa Família sem sair de casa, pelo app Bolsa Família, pelo telefone 111 ou por meio do 0800-7260207.
Já o pagamento é feito de forma online para quem tem poupança social digital e recebe pelo Caixa Tem. No app, é possível movimentar os valores, com p agamentos e transferências. Os beneficiários com cartão podem fazer o saque em outros locais, que não diretamente nos caixas. É possível utilizar lotéricas, caixas eletrônicos e correspondentes Caixa Aqui.
Fonte: Folha de S. Paulo
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