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Brasil mira coordenação internacional de fontes de financiamento para combater a pobreza, diz ministro

postado Luany Araújo

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o Brasil pretende aperfeiçoar a coordenação das fontes de financiamento internacional para combater a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável. Ele participa do evento “States of the Future”, que acontece em paralelo ao Encontro Ministerial do Desenvolvimento do G20, grupo de 19 grandes economias globais, mais a União Europeia e a União Africana, nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.

— Estamos empenhados em aperfeiçoar a coordenação das fontes de financiamento internacional com as necessidades e prioridades dos países em desenvolvimento. Resultado dessa prioridade é a maior cooperação entre as trilhas de finanças ao longo da presidência brasileira do G20.

Segundo ele, o diálogo e o engajamento com a sociedade civil “constitui valiosa dimensão da política externa” do atual governo.

— Retomamos o apoio à participação da sociedade civil em grandes debates de política externa, como demonstram os Diálogos Amazônicos, a Cúpula Social do Mercosul e os diversos grupos de engajamento do G20. O processo aberto e inclusivo de consultas da presidência brasileira do G20 culminará com a Cúpula do G20 Social, que será realizado às vésperas da Cúpula de Líderes — disse Vieira, lembrando que o evento seria no dia 26 de julho e tem como objetivo tratar a política externa como política pública.

Segundo ele, o objetivo do encontro nesta semana no Rio é debater o papel do estado no desenvolvimento e construir uma agenda. O ministro, ao citar o presidente Lula, disse que o governo brasileiro estabeleceu como metas a inclusão social, o combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável. O ministro afirmou que a inflação nos países ricos impacta os juros e os investimentos em países em desenvolvimento. Para o Brasil, é preciso trazer de volta a temática do desenvolvimento social:

—A presidência brasileira do G20 tem colocado ênfase no papel de políticas públicas como principal motor para promoção do desenvolvimento inclusivo e sustentável. Por exemplo, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza tomará medidas concretas para integrar um conjunto de políticas públicas domésticas que provaram ser bem-sucedidas em países em desenvolvimento. A Aliança buscará incorporar políticas de transferências de renda, programas de alimentação escolar, apoio à agricultura familiar, sistemas de cadastro único para pessoas e famílias de baixa renda e mecanismos de seguridade social, entre outras medidas. — disse durante sua apresentação.

Taxa de juros alta nos EUA atrapalham investimentos em países pobres

Também nesta segunda-feira em outro evento States of the Future, que ocorreu na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos Brics, e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou que as altas taxas de juros em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, aniquilam a possibilidade de investimentos em saúde, educação e tecnologia nas economias emergentes.

Durante uma sessão sobre os desafios do século XXI e o papel do Estado para um desenvolvimento sustentável e socialmente justo, Dilma disse que as condições globais de financiamento, além de reduzidas, são proibitivas, devido aos riscos cambiais e às taxas de juros elevadas praticadas em economias centrais, que colocam em risco a estabilidade financeira:

— O peso da dívida pública nos países em desenvolvimento representa obstáculo para investimento, uma vez que as dívidas crescem de forma excessiva e rápida. Os pagamentos de juros nesses países têm aumentado mais rapidamente do que gastos públicos em saúde, educação e investimentos na última década. Para financiar a luta contra desigualdade e mudanças climáticas, o mais importante é abordar enorme fardo da dívida sobre países de baixa e média renda.

Segundo a presidente do Banco dos Brics, países africanos tomam empréstimos a taxas quatro vezes maiores do que os Estados Unidos e até oito vezes maiores do que a Alemanha, o que os leva a recorrer a linhas de financiamento locais.

Dilma ainda criticou o elevado endividamento de países ricos, o que, em sua visão, também atrapalha o acesso de países subdesenvolvidos a crédito internacional.

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