A crise enfrentada por hospitais e planos de saúde com o aumento da sinistralidade pode virar uma avalanche, segundo fornecedores de materiais para cirurgias e tratamentos.
Além de um avanço da inadimplência, fornecedores relatam aumento na retenção do faturamento, ou seja, após a realização de um procedimento, alguns hospitais e planos demoram para liberar o documento necessário para a fatura, segundo Sergio Rocha, presidente da Abraidi (Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde).
Levantamento da entidade aponta que o volume pendente de faturamento chegou a R$ 1,085 bilhão neste ano, alta de quase 50% em relação ao monitoramento do ano passado. Isso representa 12% das receitas das distribuidoras e importadoras associadas à Abraidi.
“Quando o documento para o fornecedor faturar não é entregue, ele corre o risco de ter problemas fiscais. Se ele não tem nota de faturamento, pode ser autuado por sonegação. E por outro lado, isso não aparece como dívida no balanço do hospital ou plano de saúde”, diz Rocha.
Ele faz uma analogia com o caso da Americanas. “Chega a levar 180 dias para faturar um item de uma cirurgia que aconteceu. Se não fatura, a dívida não existe no papel”, afirma.
A inadimplência registrada também subiu para R$ 864 milhões, maior índice da série histórica, 40% superior ao valor registrado há um ano.
Segundo Rocha, o problema pode ser muito maior no mercado porque a Abraidi tem 304 associados e representa apenas 20% da cadeia de órteses, próteses e materiais especiais.
Fonte: Folha de S. Paulo
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