Pilotos e comissários aprovaram por unanimidade nesta quinta-feira, 15, em assembleia, a realização de uma greve a partir da próxima segunda-feira, 19, segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
A paralisação está prevista para ocorrer das 6h às 8h nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, Rio-Galeão, Santos Dumont, Viracopos, Porto Alegre, Brasília, Confins e Fortaleza, por “prazo indeterminado”, ainda segundo a entidade. As decolagens com órgãos para transplante, enfermos a bordo e vacinas prosseguirão normalmente.
Em nota, o sindicato afirma que a categoria quer recomposição das perdas inflacionárias e um ganho real nos salários, de forma a compensar as perdas nos dois anos de pandemia, “que foi de quase 10%”.
A categoria também reivindica que as empresas “respeitem os horários de início e de término das folgas e que não programem jornadas de trabalho de mais de três horas em solo entre duas etapas de voo”.
O sindicato alega que “esses pleitos estão baseados nos altos preços das passagens aéreas, que têm gerado crescentes lucros para as empresas”, e no fato de que as companhias aéreas “reduziram o custo de folha de pagamento em mais de 30% se comparado com os demais custos”.
Segundo o presidente do SNA, Henrique Hacklaender, “as empresas estão com os preços das passagens no mais alto patamar dos últimos 20 anos e estão financeiramente melhores do que antes da pandemia”. Conforme Hacklaender, é “justo e razoável que os tripulantes tenham a garantia de que os horários de suas folgas serão respeitados”, e que eles tenham ganho real de salário.
Em nota, a Latam afirmou que está em negociação com o Sindicato Nacional dos Aeronautas desde o início de setembro para a “construção do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)” e que aguarda a convocação de uma assembleia pelo sindicato para a votação dos tripulantes da empresa. “Entendemos que o movimento de greve convocado para o dia 19/12 está relacionado à negociação do Sindicato das Empresas Aéreas (SNEA) e não da negociação do ACT da Latam”, disse a empresa.
O SNEA divulgou uma nota na qual afirma que “o preço das passagens foi fortemente afetado nos últimos anos por conta de pandemia, conflitos na Europa, desvalorização do real frente ao dólar e aumento do preço do petróleo. O querosene de aviação (QAV) aumentou 118% na comparação com o ano de 2019 e hoje representa mais de 50% dos custos, que por sua vez têm uma parcela de cerca de 60% dolarizada”.
Além disso, o sindicato que representa as empresas disse que sua última proposta, que foi recusada, propunha reajuste de 100% do INPC para piso salarial, diárias nacionais, seguro de vida e vale alimentação, além de garantir a data base 1º de dezembro e todas as cláusulas financeiras e sociais da Convenção Coletiva enquanto as negociações estivessem em curso. Segundo o SNEA, o SNA não enviou nenhuma contraproposta.
Procuradas, a Gol disse seguir o mesmo posicionamento do SNEA, e a Azul não respondeu.
Fonte: Estadão
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