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Caixa Asset diz que suas ‘operações em negociação são sigilosas’ e seguem ‘estratégia da empresa’

postado Luany Araújo

A Caixa Asset, a área de renda fixa do banco estatal, disse ao GLOBO que suas “operações em negociação são sigilosas e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa”. A cúpula da Caixa Econômica Federal destituiu na última segunda-feira dois gerentes que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para os padrões do banco.

Em um parecer sigiloso de 19 páginas obtido pela equipe da colunista Malu Gaspar, a área de renda fixa da Caixa Asset, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco.

A Caixa Asset não esclareceu se pretende manter a transação, apesar do parecer contrário da área técnica. Também não informou de quem foi a iniciativa de fazer a operação, nem se houve reuniões com o Master para discutir a aquisição milionária.

O Master é um banco formado a partir do antigo Banco Máxima que tem entre os principais acionistas os empresários Daniel Vorcaro, Maurício Quadrado e Augusto Ferreira Lima.

O documento da Caixa classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e aponta para um “alto risco de solvência”. O parecer deveria ter sido discutido no comitê de investimento da Caixa Asset no último dia 4.

Mas, segundo a equipe da coluna apurou, o impasse criado pela postura dos técnicos fez com que o assunto fosse retirado da pauta.

Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou os documentos, perderam seus cargo.

O parecer da Caixa Asset ainda detalha uma “pesquisa reputacional” da área responsável pela governança e compliance , que fez um pente-fino na trajetória profissional dos principais executivos do Banco Master.

Um dos sócios do Master, Maurício Quadrado, foi acusado em delação premiada de um ex-superintendente da Caixa de oferecer propina de R$ 8 milhões para utilizar recursos do FI FGTS para a empresa Rede Energia, entre outros .

Sobre a perda de cargo dos gerentes que se opuseram à operação, a Caixa Asset alegou que “realiza, periodicamente, uma avaliação do time de gestores, e não faz parte da política da empresa nenhum tipo de retaliação, sendo que as substituições se dão com critério exclusivamente profissional”.

O Banco Master, por sua vez, afirmou por meio de sua assessoria desconhecer o parecer da Caixa Asset, que não é público.

Questionada se outras instituições adquiriram a mesma letra financeira em condições iguais ou similares à da Caixa, a instituição afirmou que “diversos investidores têm adquirido e continuam a adquirir letras financeiras emitidas pela instituição em condições similares às mencionadas”, sem especificá-las.

Também foi indagado ao Master se foram realizadas reuniões com a Caixa Asset para tratar do negócio, mas o Master se limitou a dizer que realiza “periodicamente” reuniões com investidores.

Ainda sobre as preocupações levantadas no parecer sobre a reputação dos executivos da instituição, o Master declarou que “as alegações contra os executivos citados são inverídicas” e que os episódios não têm relação com as operações da instituição.

Fonte: O Globo

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