O BNDES anunciou nesta segunda-feira (26) o desenvolvimento de uma plataforma onde estarão listados os principais projetos brasileiros ligados a pautas ambientais que podem receber financiamento.
A iniciativa faz parte de um projeto do banco com a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), entidade britânica que reúne 675 instituições financeiras de 50 países empenhadas na transição energética.
O objetivo da plataforma, segundo o BNDES, é mobilizar o financiamento climático nacional e, principalmente, internacional, para promover a agenda de crescimento verde do Brasil e permitir que o país cumpra as metas do Acordo de Paris.
A plataforma foi anunciada durante o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, em São Paulo.
Ainda não há data para o lançamento da plataforma, mas a ideia, segundo técnicos do banco, é que parte dos projetos listados seja oriunda da própria carteira do BNDES e que outra parte venha de escolhas de ministérios, como Fazenda, Minas e Energia e Meio Ambiente.
É incerto se em algum momento organizações não governamentais poderão ter espaço no projeto.
As áreas prioritárias da plataforma serão transição energética e bioeconomia com produtos ligados à floresta amazônica –essa última com foco principal na restauração da floresta.
Como exemplo de projetos que poderão ser listados, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, citou os municípios que hoje querem eletrificar seus sistemas de ônibus públicos, mas não conseguem por falta de recursos.
“No último balanço internacional, 2020, 2021 e 2022, nós tivemos US$ 1,3 trilhão de financiamento para a transição climática, para a descarbonização da economia. O problema é que desses recursos, 75% ficaram na China, Estados Unidos e Europa. A América Latina toda teve apenas 6% dos recursos. E a América do Sul, especialmente o Brasil, tem uma responsabilidade muito grande, primeiro pelo peso que a Amazônia tem no equilíbrio”, disse Mercadante, durante o anúncio.
Como a GFANZ é uma entidade que reúne centenas de importantes instituições financeiras, a ideia do BNDES é que a plataforma possa facilitar o financiamento internacional a projetos ambientais e de energia no país.
“O nosso peso para enfrentar a crise climática é muito maior do que os recursos que vêm para cá”, disse Mercadante. Na avaliação do presidente do BNDES, pelo tamanho do território e pelo pesa da Amazônia no equilíbrio do clima, o Brasil deveria ser o destino de mais recursos.
“Precisamos de parceiros que tenham uma visão, um compromisso com o equilíbrio do clima, com a sustentabilidade e que tenham expertise no financiamento. Como nós temos aqui [GFANZ] uma entidade que é a mais importante hoje na mobilização de recursos, de investidores e de pessoas interessadas em acelerar a transição para uma economia sustentável e verde, eu acho que essa é uma aliança muito boa”, afirmou.
Também presente no anúncio, Mark Carney, copresidente da Glasgow Financial Alliance for Net Zero e enviado especial da ONU para ação climática e finanças, disse que a plataforma vai ajudar os projetos brasileiros a conseguirem financiamento extra.
“Muitos desses projetos serão financiados localmente, mas o financiamento adicional, além da fronteira, pode acelerar, ter um impacto maior e conseguir um melhor negócio para as comunidades locais e para o país em geral”, disse.
“O que a GFANZ traz é trabalhar ao mesmo tempo que o governo brasileiro, as empresas, as comunidades locais, para garantir que o financiamento esteja lá e que eles não precisem esperar.”
Fonte: Folha de S. Paulo
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