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Economia circular com justiça social

Durante sua participação no Fórum Mundial de Economia Circular de 2025, a OIT destacou a importância de que os processos de circularidade integrem políticas que garantam trabalho decente, inclusão social e diálogo tripartite.

postado Luany Araújo

Desde 2017, o Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF) reúne líderes empresariais, formuladores de políticas públicas e especialistas internacionais para apresentar as principais soluções que estão transformando os modelos de desenvolvimento em direção à circularidade.

Durante a IX edição do WCEF, realizada em São Paulo, de 13 a 14 de maio, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez um chamado para que a transição para economias circulares não deixe ninguém para trás e destacou a importância de integrar trabalho decente e justiça social às políticas de economia circular que atendam às necessidades urgentes da tripla crise planetária, que atualmente coloca em risco os sistemas que sustentam a vida na Terra e exige transformações urgentes em nossos modelos de produção, consumo e desenvolvimento.

Blanca Patiño, especialista da OIT em empregos verdes e transição justa para a América Latina e o Caribe, enfatizou que a transição para uma economia circular pode ser uma maneira poderosa de gerar empregos, reduzir o impacto ambiental e aumentar a eficiência dos recursos. No entanto, ela alertou que esse processo também traz riscos se não for planejado com uma abordagem social.

“As pessoas estão no centro da economia circular, mas seus empregos, suas condições de trabalho e seus direitos permanecem em grande parte desconhecidos ou negligenciados. Se não integrarmos a justiça social, deixaremos para trás aquelas pessoas que mais precisam de uma transição justa”, disse Patiño durante a sessão “Fatores Econômicos da Circularidade: Materiais Secundários e Além”, organizada pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).

Também foram apresentados relatórios de progresso sobre estudos coordenados pela Parceria para Ação na Economia Verde (PAGE), uma parceria composta pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a OIT, a UNIDO e o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR).

A OIT estima que, se políticas adequadas forem implementadas, a economia circular poderá gerar entre 6 e 7 milhões de empregos líquidos em todo o mundo até 2030. Em cenários mais ambiciosos, esse número poderá chegar a 78 milhões. No entanto, também alerta que quase 80% dos empregos atuais em atividades como a reciclagem — um dos setores mais representativos da economia circular — são informais, expondo milhões de pessoas a baixas rendas, riscos à saúde e exclusão social.

Considerando a importância de ter métodos mais harmonizados para estimar os níveis atuais de emprego na economia circular, Patiño destacou o progresso da Iniciativa de Empregos na Economia Circular, uma colaboração entre a Economia Circular, a OIT e o programa Soluções para o Emprego Juvenil (S4YE) do Banco Mundial.

Esta iniciativa busca gerar evidências e desenvolver ferramentas que aproveitem o potencial da economia circular para fomentar a inovação, promover negócios sustentáveis e garantir trabalho decente para todos, em estreita coordenação e com o apoio do programa PAGE.

Reconhecendo o importante impacto da economia circular nas políticas de mudança climática, a OIT reforça a necessidade de incluir as dimensões trabalhista e social nas políticas climáticas nacionais, especialmente nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são os compromissos que os países submetem à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. “A próxima rodada de NDCs é uma oportunidade para os países alinharem suas metas ambientais com o desenvolvimento econômico e o trabalho decente”, disse Patiño.

Os eventos relacionados à transição justa no Fórum Mundial da Economia Circular 2025 demonstram uma conexão clara entre os princípios da circularidade e a necessidade de garantir que as mudanças estruturais nos sistemas econômicos e produtivos sejam inclusivas e equitativas. Da gestão responsável de minerais essenciais e a proteção dos direitos das comunidades afetadas pela mineração ao fortalecimento das capacidades de trabalho, à inclusão de trabalhadores e trabalhadoras da economia informal e à transformação do comércio global, cada sessão destaca os principais aspectos de uma transição justa. Juntos, esses espaços promovem políticas e parcerias que garantem que os benefícios da economia circular — como inovação, sustentabilidade e criação de empregos — cheguem a todos os setores da sociedade, especialmente aqueles historicamente marginalizados ou vulneráveis aos efeitos das mudanças.

A participação da OIT reafirma seu compromisso com uma transição que não apenas transforme os sistemas de produção e consumo, mas também construa um futuro mais justo e sustentável para as empresas e, em particular, para todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras.

 

Fonte: OIT

www.contec.org.br

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